O subprocurador Carlos Frederico Santos, responsável pelos inquéritos que investigam o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) no Supremo Tribunal Federal (STF), afirmou que, caso houvesse alguma evidência, já teria tomado medidas em relação a um eventual pedido de prisão do ex-mandatário. A informação foi divulgada pela colunista Malu Gaspar, do jornal O Globo.
Santos, que coordena o Grupo Estratégico de Combate aos Atos Antidemocráticos (GCAA), está acompanhando de perto as investigações dos atos terroristas de 8 de janeiro, a delação de Mauro Cid, a qual classificou como “fraca”, as joias sauditas milionárias e a fraude na carteira de vacinação de Bolsonaro.
Em relação aos possíveis riscos de prisão para Bolsonaro, ele afirmou: “Olha, se tivesse alguma prova sobre isso (que justificasse a prisão do ex-presidente), eu já teria tomado providência. Mas existem investigações em curso. Sobre os atos do dia 8, não sei se há envolvimento dele ou não.”
“A investigação tem o objetivo de saber quem está por trás, não importa quem seja. Eu não investigo pessoas. Investigar pessoas é uma coisa que parece uma ideia de perseguição. Eu investigo fatos”, disse Santos. “O que eu estou investigando são os fatos do dia 8 e o que está relacionado ao dia 8, o que tem correlação ao dia 8, pra saber por que aconteceu o dia 8, se existe alguém por trás do dia 8”.
Santos ainda ressaltou que só oferece denúncia com “provas concretas, e irrefutáveis” ao olhar público da sociedade. “O objetivo do Ministério Público é punir aqueles que praticam os crimes, subsidiado em provas fortes. Não adianta fazer denúncia com suporte em provas que não tenham viabilidade de levar à condenação. Quem eu já detectei que tem provas comprovando o envolvimento em relação ao dia 8, eu já denunciei. E não deixei de denunciar ninguém”, afirmou.
Um dos temores de aliados de Bolsonaro é a de que a série de condenações pavimente o caminho para o ex-presidente ser enquadrado, em um segundo momento, como “mentor intelectual” dos atentados contra o Congresso, o STF e o Palácio do Planalto.
No entanto, os ministros do STF têm revisto sua perspectiva quanto a uma possível prisão de Bolsonaro. Quatro magistrados da Corte acreditam que, com base nas evidências tornadas públicas, “é muito difícil” que o ex-presidente receba uma pena que mantenha sua liberdade.