A volta do “jornalismo de guerra” na cobertura da visita de ativista ao Ministério da Justiça. Por Marcos Sacramento

Atualizado em 15 de novembro de 2023 às 13:35
Luciane Barbosa Farias, conhecida como “dama do tráfico” no Amazonas. Foto: Reprodução

O jornalismo de guerra, aquele que levou ao impeachment de Dilma e corroeu as bases democráticas do país, está de volta. Com manchetes como “A advogada que abriu as portas do Ministério da Justiça para o Comando Vermelho”, a imprensa tradicional usa um fato de menor importância para atacar o atual governo federal e abastecer as redes propagadoras de fake News.

Contra o mau jornalismo, a solução é jogar luz aos fatos, então vamos ao que aconteceu.

A suposta integrante da facção Comando Vermelho é Luciane Barbosa Farias, presidente da Associação Instituto Liberdade do Amazonas. No dia 16 de março, ela esteve com a comitiva da Associação Nacional dos Advogados(as) Criminalistas (Anacrim) em uma agenda com Elias Vaz, Secretário de Assuntos Legislativos no Ministério da Justiça e Segurança Pública.

Além de Luciane, estiveram na reunião a advogada e representante da Anacrim, Janira Rocha, outras duas advogadas e duas mães de vítimas de homicídios.

O deputado goiano Elias Vaz (PSB)
Foto: Reprodução

Vaz explicou que ouviu as reivindicações das duas mães, Ana Lúcia e Luana Lima. Representando a Articulação Nacional de Vítimas da Violência, elas pediram celeridade nas investigações das mortes do filho e da filha, ocorridos, respectivamente, no Piauí e em São Paulo.

Quanto à Luciane, conforme explicou Vaz, ela estava como acompanhante da advogada Janira Rocha e limitou-se a falar sobre supostas irregularidades no sistema penitenciário, sendo sugerido, então, que elas procurassem a Secretaria Nacional de Políticas Penais (Senappen).

Sobre Luciane Barbosa Farias, além de presidente da Associação Instituto Liberdade do Amazonas, entidade “entidade voltada para o sistema prisional”, ela é casada com um traficante apontado pela imprensa como um dos líderes do Comando Vermelho no Amazonas. Sobre ela recaem acusações de lavagem de dinheiro.

Pelo perfil da entidade no Instagram estão registros de ações sociais voltadas à comunidade carcerária e reuniões de articulação, comuns entre ativistas da sociedade civil.

Foi por meio dessas atividades que ela esteve, no início deste mês, no 4º Encontro Nacional dos comitês e mecanismos de prevenção e combate à tortura promovido pelo Ministério dos Direitos Humanos e da Cidadania (MDHC). Foi indicada pelo comitê estadual do Amazonas. Assim como os mais de 70 participantes do evento, ela teve as despesas pagas pelo MDHC.

As visitas da Luciane Farias no governo Federal se resumem a isso. São agendas legítimas, dentro da lei e às claras. Pelo modo como o fato está sendo abordado por parte da imprensa, parece que Luciana Farias, ou a “Dama do tráfico”, como alguns veículos a chamam, despachou com ministros para buscar vantagens obscuras para a facção criminosa.

A história verdadeira, contudo, não rende manchetes espetaculosas. Por outro lado, fazer sensacionalismo ao dizer que o Ministério abriu as portas para o Comando Vermelho ou que membro da facção viajou financiada pelo governo rende acessos e fornece munição para ataques ao governo.

As consequências desse modus operandi são conhecidas. Resultou em Bolsonaro, um câncer que foi retirado a tempo antes de construir a sua ditadura familiar. A imprensa hegemônica parece ter se esquecido e segue alimentando a extrema-direita, sem se dar conta de que a democracia brasileira pode não ter uma segunda chance.

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