Crítico aos diretos humanos em toda sua carreira política, Jair Bolsonaro parece ter mudado de ideia após a morte de Cleriston Pereira, um dos responsáveis pelos ataques de 8 de janeiro em Brasília. O bolsonarista teve um mal súbito na última segunda (20) na cadeia e políticos de extrema direita organizam um ato na Avenida Paulista, em São Paulo, neste domingo (26) para homenageá-lo.
De acordo com a Folha de S.Paulo, o ex-presidente participa da convocação deste ato, que também terá como mote a defesa do Estado democrático e dos direitos humanos para os presos pelos ataques golpistas. Mas, há alguns anos, o ex-presidente tratava o tema como “direitos de bandidos” e “esterco da vagabundagem”.
O evento é organizado pelo pastor Silas Malafaia. E, além de Bolsonaro, outros nomes da direita bolsonarista estão envolvidos com o encontro como o deputado Nikolas Ferreira (PL-MG) e o senador Magno Malta (PL-ES).
Por que Bolsonaro está envolvido com o ato?
De acordo com interlocutores, o ex-presidente ficou comovido com a morte de Cleriston.No entanto, ainda não há certeza se ele comparecerá ao ato. Segundo a Folha, o staff do inelegível teme que o STF vire alvo de ataques e críticas dos manifestantes: Bolsonaro já enfrenta uma série de processos por fatos semelhantes.
Neste ano, após as detenções relacionadas aos incidentes golpistas de 8 de janeiro, apoiadores do presidente Bolsonaro começaram a debater a delicada situação carcerária do país. Membros do parlamento levantaram acusações, e seguidores do líder expressaram preocupações nas plataformas de mídia social.
Dois dias após a morte de Cleriston, Alexandre de Moraes concedeu liberdade provisória a quatro réus que contavam com parecer favorável da Procuradoria-Geral da República para serem soltos.
Em um relatório, a Defensoria Pública do Distrito Federal destacou que a área de saúde no Centro de Detenção Provisória 2 da Papuda estava fechada, e os detentos relataram uma espera de aproximadamente 40 minutos pelo atendimento a Cleriston.