O Banrisul, Banco do Estado do Rio Grande do Sul, tomou a decisão de demitir um de seus diretores devido a relatos de assédio sexual no ambiente de trabalho. Segundo apuração do Grupo RBS, Gabriel Leal Marchiori, que atuava na direção do Banrisul Consórcio, foi acusado por 13 mulheres, sendo que nove delas compartilharam suas experiências com a reportagem.
O Sindicato dos Bancários de Porto Alegre e Região (Sindibancários) cobrou providências do banco em relação aos relatos de toques e convites inapropriados. Silvia Regina de Carvalho Chaves, diretora do sindicato, enfatizou a dificuldade das mulheres em denunciar devido à relação de força existente.
“São relatos de toques inapropriados, convites inapropriados, a ponto de constranger as mulheres dentro do ambiente de trabalho, de deixar essas mulheres se sentindo humilhadas e, ao mesmo tempo, não têm coragem de falar disso. Afinal de contas, é uma relação de força. É um cargo de alto escalão, existe correlação de força, e [eles] sentem que não vai dar em nada”, diz Silvia Regina.
No entanto, após a denúncia, Marchiori continua como servidor do banco. Ele atua agora em outro e em teletrabalho. Mas, na última semana, Gabriel apresentou um atestado médico de afastamento por 90 dias.
À reportagem, o ex-diretor afirmou que: “são infundados [os fatos], desprovidos de provas e apurados dentro de um procedimento administrativo manifestamente inconstitucional, onde não lhe foi assegurado o direito à ampla defesa”.
Próximos passos do caso
O Ministério Público do Trabalho (MPT) abriu um procedimento inicial para analisar o caso, e as mulheres, enfrentando ansiedade, medo e culpa, esperam que seus relatos sirvam como exemplo.
O Banrisul também se pronunciou sobre o caso com uma nota à imprensa:
“Não há espaço no Banrisul para a prática de qualquer ato de desrespeito entre as pessoas. A instituição possui valores e princípios que se firmam como pilares para a atuação de todos os nossos colaboradores, seja qual for seu cargo. O Código de Ética e de Conduta, especialmente, estabelece um conjunto de normas que são inegociáveis — orientando com clareza como deve se dar o relacionamento com o público interno e externo.
Em relação ao lamentável caso em questão, logo após o recebimento da denúncia, o banco iniciou uma apuração ampla e detalhada para esclarecer os fatos. A partir do conteúdo dos primeiros depoimentos, o Conselho de Administração já decidiu destituir o denunciado da posição de diretor da Banrisul S.A. Administradora de Consórcios, em 10 de novembro. Em cerca de 30 dias, o afastamento foi realizado.
Todos os cuidados estão sendo tomados para preservar a identidade dos envolvidos, de acordo com o que determina a Convenção Coletiva de Trabalho. O ex-diretor retornou à condição de empregado, sendo lotado na Unidade de Administração de Pessoas. Ele se encontra em licença para tratamento de saúde. Neste momento, as apurações seguem seu curso junto às instâncias administrativas internas, podendo motivar medidas adicionais às já adotadas.
Desde 2020, o Banrisul conta com uma área de acolhimento feminino institucionalizada para receber denúncias de situações de violência contra as mulheres. As comunicações recebidas por esse canal de atendimento são todas encaminhadas para as devidas apurações e providências.
Ciente dos desafios que persistem, o banco reforça seu compromisso de aprimorar cada vez mais seus protocolos para garantir um ambiente de trabalho respeitoso e igualitário, em que a dignidade humana seja preservada a cada dia“.