A Meta, proprietária do Instagram, Facebook e WhatsApp, projetou ferramentas em suas mídias sociais para se aproveitar das vulnerabilidades psicológicas dos adolescentes, segundo documentos internos da empresa acessados pelo Wall Street Journal.
Esses relatórios fazem parte do material probatório de uma ação conjunta de 41 estados norte-americanos contra a big tech. O grupo de unidades federativas acusam a Meta de explorar ferramentas prejudiciais à saúde mental e física de jovens, além de intencionalmente viciantes.
Segundo uma apresentação interna de 2020 da empresa, a Meta projetou seus produtos levando em consideração características de adolescentes, como o de serem “predispostos a impulsos, pressão dos colegas e comportamentos arriscados potencialmente prejudiciais”.
“Os adolescentes são insaciáveis quando se trata de ‘sentir-se bem’ com os efeitos da dopamina”, apontou a apresentação da Meta. “E cada vez que um de nossos usuários adolescentes encontra algo inesperado, seus cérebros fornecem uma dose de dopamina”, prosseguiu.
Segundo o Wall Street Journal, a companhia descreve o produto em questão como eficiente em fornecer os tipos de estímulos que desencadeiam a dopamina, neurotransmissor que traz sensação de prazer. Funcionários da big tech demonstraram preocupações sobre os efeitos, especialmente do Instagram, na saúde de jovens.
“Não são os ‘reguladores’ ou os ‘críticos’ que acham que o Instagram não é saudável para os jovens adolescentes – são todos, desde investigadores e especialistas acadêmicos até aos pais”, escreveu Karina Newton, chefe de política do Instagram, em um e-mail de maio de 2021 citado pelos procuradores-gerais, que movem o processo contra a empresa.
Os documentos, inicialmente mantidos sob sigilo, incluim alegações de que o CEO da Meta, Mark Zuckerberg, instruiu os subordinados a priorizar o aumento do uso de suas plataformas em detrimento do bem-estar dos usuários, apesar dos alertas sobre os efeitos negativos, como o excesso de notificações.
A Meta negou que tenha projetado seus produtos para serem viciantes para os adolescentes. “A denúncia descaracteriza nosso trabalho usando citações seletivas e documentos escolhidos a dedo”, disse Stephanie Otway, porta-voz da empresa, ao WSJ.
Além disso, os documentos revelam que a big tech teria ignorado o uso do Facebook e do Instagram por pré-adolescentes. Os estados alegam que a empresa tem, há tempos, ciência de que suas redes sociais têm proteções fracas contra o uso por crianças menores de 13 anos, que deveriam ser vetadas.
A denúncia alega que, em vez de reprimir esse uso, a Meta ostentou a penetração do Instagram em grupos demográficos de 11 e 12 anos, levantando a possibilidade de que a repressão ao uso por menores poderia prejudicar os negócios da empresa.