O governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, criticou a greve no transporte sobre trilhos em São Paulo, afirmando que rejeitar o projeto de privatizações equivale a não aceitar o resultado das urnas. As declarações foram feitas durante um pronunciamento nesta terça-feira (28) no Palácio dos Bandeirantes.
Funcionários do Metrô, da Companhia Paulista de Trens Metropolitanos (CPTM), da Sabesp (estatal de saneamento básico) e da Fundação Casa aderiram à greve. O movimento é contrário à privatização do serviço de saneamento e à concessão das linhas metroferroviárias. O projeto de desestatização da Sabesp avançou na Assembleia Legislativa (Alesp) e deve ser votado pelos deputados estaduais em dezembro.
O governador enfatizou as críticas à motivação política da greve, que, segundo ele, carece de pauta e reivindicação salarial, além de desrespeitar a decisão judicial que determinou um funcionamento mínimo das operações nesta terça. O Tribunal Regional do Trabalho (TRT) ordenou que 85% do contingente de trabalhadores da CPTM e 80% dos serviços do Metrô operassem nos horários de pico.
Tarcísio reiterou que as greves não alterarão seu plano de privatizações, pois vão contra o compromisso vitorioso defendido durante a campanha, que envolve estudar privatizações, concessões e participação do capital privado nos serviços públicos.
“São contra aquilo que nós defendemos ao longo da campanha, de estudar privatizações, concessões, participação do capital privado nos serviços públicos. Foi um compromisso. E essa posição foi vitoriosa. Não aceitar essa posição é não aceitar o resultado das urnas, é não aceitar o diferente”, declarou Tarcísio.
Em contraponto, os sindicalistas afirmam que a maioria é contra as privatizações, citando pesquisas que mostram a oposição a esse modelo. Eles argumentam que insistir no modelo privatista traz riscos de precarização dos serviços públicos, referindo-se ao caso da Enel. Uma pesquisa Datafolha de abril indicou que 53% dos paulistas eram contrários à privatização da Sabesp, enquanto 40% eram a favor.
O governador reforçou a ligação entre a mobilização e interesses partidários, apontando para a filiação ao PSOL da presidente do sindicato dos metroviários, Camila Lisboa, mesma legenda do pré-candidato à Prefeitura de São Paulo, Guilherme Boulos.
“Greve de 24 horas. Qual vai ser a próxima? Qual é o limite pra isso? Todo mês uma greve? Os sindicatos foram capturados por partidos. Não há conciliação possível com o governo. Nós vamos continuar estudando concessões, privatizações. Ano que vem vamos fazer a privatização da Emae, da Sabesp”, afirmou Tarcísio.
Quando questionado sobre punições individualizadas aos servidores grevistas, Tarcísio destacou que isso depende do Judiciário e sugeriu o bloqueio das contas dos sindicatos pelo não pagamento das multas impostas pelos descumprimentos judiciais, além de mencionar penas alternativas.
Sobre o pedido dos sindicatos de liberar as catracas durante a greve, o governador descartou essa possibilidade, ressaltando que essa medida não foi considerada, pois poderia representar riscos à segurança das pessoas, além de criar um fluxo descontrolado de passageiros, algo que o Judiciário também não tem concordado.
“Nunca um governador liberou catracas no período de greve. Isso coloca em risco as pessoas, traria uma demanda sem nenhum tipo de controle. Poderíamos ter pessoas se acidentando. É algo afastado de pronto. O próprio Judiciário não tem concordado com esse pleito”, disse.
Assista abaixo:
⏯️ Tarcísio critica ação de grevistas e diz que desestatizações em São Paulo não vão parar. Em coletiva de imprensa, o governador criticou a ação de grevistas e voltou a defender as privatizações. pic.twitter.com/URHPaYpyST
— Metrópoles (@Metropoles) November 28, 2023