O apresentador Guga Noblat descobriu a pólvora: os paneleiros são doentes.
Ele escreveu, no Facebook, que não imaginava que, carregando uma criança no colo, pessoas que protestavam contra Dilma pudessem hostilizá-lo.
Mas hostilizaram.
Quando nem um bebê é respeitado, é porque a doença é, definitivamente, grave.
E essa doença se chama ódio. É um tipo de ódio irracional, ilógico – e perigoso.
Sua origem é facilmente rastreável. Ele deriva do enxame de colunistas que, nos últimos anos, se dedicaram a fazer uma incessante e furiosa pregação contra o PT.
As grandes empresas de jornalismo se abarrotaram de pessoas com esse perfil: gente sem limites na agressividade antipetista.
Se você olhar para trás, verá que o primeiro deles foi Diogo Mainardi, na Veja.
Logo depois, também na Veja, mas no site, apareceu Reinaldo Azevedo.
Tolstoi não se gabava de ter escrito Guerra e Paz, mas Azevedo não perde uma chance de dizer que criou a palavra “petralha”, segundo ele dicionarizada.
Aos dois se juntaria, com a mesma selvageria, Arnaldo Jabor, que começou a enxergar bolcheviques sob a própria cama e a denunciá-los com estridência em jornais, rádio e tevê.
Com o correr dos dias, o grupo foi se ampliando rapidamente. Rachel Sheherazade surgiu dentro desse quadro.
Não quisesse Silvio Santos dar sua contribuição sorridente para o ódio anti-PT, Sheherazade ainda estaria no anonimato em que sua carreira se arrastou.
Esta é uma característica comum à brigada da raiva.
Em circunstâncias normais, não seriam nada, ou quase nada. Mas deixaram claro aos donos da mídia que topariam agredir incondicionalmente Lula, Dilma e o PT. E isso lhes trouxe emprego e dinheiro fácil.
A grande ironia de tudo, e já falei disso algumas vezes, é que quem financia tudo isso é o próprio governo, pelo dinheiro bilionário que ano após ano coloca nas corporações de jornalismo dedicadas a destruí-lo.
Sobra dinheiro aos Marinhos, Frias e Civitas para sustentar e ampliar a bancada do golpe.
Uma das grandes interrogações futuras sobre os governos petistas é por que continuaram a prestigiar, com copiosos anúncios, empresas jornalísticas que são hoje, para usar a palavra de Guga Noblat, fábricas de “doentes”.
O mistério é ainda maior porque as audiências das mídias tradicionais despencaram nos últimos anos, com a ascensão da mídia digital.
Um tipo de público foi especialmente afetado pela mídia: pessoas de classe média, ou classe média alta, com pouquíssima leitura.
São os chamados analfabetos políticos.
Um caso exemplar é o do executivo fracassado Danilo Amaral, que hostilizou Padilha num restaurante em São Paulo.
Você tem que estar doente da cabeça para fazer o que ele fez. A vida de Amaral foi vasculhada pelos que se condoeram de Padilha, e hoje todo o Brasil sabe que o ponto supremo de sua carreira foi enterrar uma companhia aérea.
O que fez a fábrica de doentes com Amaral?
Aplaudiu.
Algumas pessoas notaram uma ironia nos apuros de Guga. Ele é filho do jornalista Ricardo Noblat, que em seu blog no Globo é parte do grupo semeador de ódio.
Talvez seja uma oportunidade para Noblat refletir sobre o triste papel que vem desempenhando como blogueiro.
Há um limite para agradar patrões – e este limite foi há muito tempo ultrapassado por Noblat e seus congêneres.