Macron diz que é contra acordo Mercosul-UE e Lula rebate: “Sempre foi”

Atualizado em 2 de dezembro de 2023 às 16:08
Presidente Lula (PT) ao lado de Emmanuel Macron, presidente da França. Foto: Ricardo Stuckert

Neste sábado (2), o presidente da França, Emmanuel Macron, expressou sua oposição à aprovação do acordo de livre comércio entre a União Europeia e o Mercosul.

“Sou contra o acordo Mercosul-UE, porque acho que é um acordo completamente contraditório com o que ele (Lula) está fazendo no Brasil e com o que nós estamos fazendo, porque é um acordo que foi negociado há 20 anos, e que tentamos remendar”, afirmou em coletiva de imprensa na COP 28.

Macron destacou que o acordo não considera adequadamente a biodiversidade e o clima. “É um acordo comercial antiquado que desmantela tarifas, se me permite. Nos últimos anos, esses acordos foram bastante melhorados”.

Ele argumentou que o acordo não beneficia nenhuma das partes envolvidas. “Devemos pensar em um acordo que seja muito mais geoestratégico, muito mais consistente com as nossas estratégias e não mexer em um acordo à moda antiga. É por isso que não sou a favor deste acordo. Porque hoje não sei como explicar este acordo a um agricultor, a um produtor de aço, a um fabricante de cimento francês ou europeu”, afirmou.

Lula durante a COP28, em Dubai. Foto: Reprodução

Em resposta à declaração de Macron, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) afirmou achar normal que a França tenha essa posição, destacando seu histórico protecionista.

As declarações do líder executivo do Brasil ocorreram durante a COP28, Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Alterações Climáticas (UNFCCC), que é o órgão da Organização das Nações Unidas (ONU) responsável pelo clima. O evento está acontecendo em Dubai, cidade nos Emirados Árabes Unidos.

O petista afirmou que Macron sempre foi contra o acordo e que a França “sempre foi o país mais duro de se negociar”. Lula ressaltou ainda que a União Europeia não compartilha da mesma visão dos franceses.

O presidente brasileiro criticou as barreiras protecionistas, referindo-se a tal prática como hipócrita. Ele contou que as medidas unilaterais impostas por países ricos sob o pretexto da sustentabilidade revelam a hipocrisia da retórica do livre comércio. O petista também destacou que os ônus das transformações no mundo desenvolvido estão sendo transferidos para o Sul Global, enfatizando que as nações que já enfrentam os impactos mais severos da mudança climática estão sendo punidas duplamente.

Vale observar que, para entrar em vigor, o acordo de livre comércio precisa ser aprovado pelos parlamentos de todos os países, tanto da União Europeia como do Mercosul.

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