O presidente da Guiana, Irfaan Ali, reforçou sua posição em relação ao território de Essequibo, em meio à crise territorial com a Venezuela. Em entrevista ao Jornal Nacional, exibida na última segunda-feira (11), Ali reiterou que não abrirá mão de nenhuma parte do território guianês, mesmo diante das tensões históricas entre os dois países.
Essequibo, região rica em recursos naturais, é objeto de disputa desde o século XIX, quando os venezuelanos alegam que foi “roubada” pelos britânicos na demarcação das fronteiras. A população de Essequibo, por sua vez, expressa de forma contundente sua identidade guianesa. No entanto, a disputa é intensificada pela alta concentração de petróleo presente na região.
O presidente guianês também revelou que o Brasil se ofereceu para mediar as conversas entre Guiana e Venezuela, buscando uma solução pacífica para o impasse. Irfaan Ali afirmou que seu país é pacífico, com a única ambição de garantir suas fronteiras, e que está aberto ao diálogo com os vizinhos.
A reunião entre Ali e Nicolás Maduro, presidente da Venezuela, marcada para quinta-feira (14), tem gerado expectativas de distensão na crise. O Brasil, por meio do presidente Lula (PT), desempenhou um papel essencial na convocação do encontro, para facilitar o diálogo entre os presidentes.
Na entrevista, o mandatário guianês ressaltou que, durante o encontro, não negociará Essequibo com Maduro. Ele defenderá que qualquer contestação sobre a região deve ser feita no Tribunal Internacional de Haia, instância da ONU para resolução de controvérsias entre países.
A população guianesa tem apoiado o presidente Irfaan Ali, com cantigas que dizem: “Ninguém vai tomar nossos rios e nossas montanhas. Essequibo é da Guiana”. O líder guianês enfrenta a crise com um exército de 3 mil soldados, mas espera cooperação internacional se necessário, mantendo sua postura firme em defesa do território guianês.
O ministro das Relações Exteriores da Venezuela, Yván Gil, disse na segunda que o país está disposto a encontrar uma maneira compartilhada de explorar os recursos energéticos presentes na região do Essequibo.
A informação foi divulgada pelo chanceler após questionamento do Brasil de Fato durante café da manhã oferecido pela Chancelaria venezuelana à imprensa nacional e estrangeira.
“A Venezuela está disposta a buscar fórmulas para o desenvolvimento compartilhado, que é precisamente uma das fórmulas que estaria na mesa [de diálogo]”, disse Gil.
Será a primeira vez que ambos mandatários se reunirão desde que a relação entre os países começou a ser estremecida pela disputa territorial. A Guiana insiste em resolver a contenda na Corte Internacional de Justiça, mas Caracas recusa a competência do tribunal e convocou um referendo para ratificar sua posição entre o eleitorado.
Mauro Vieira destacou e agradeceu o papel que o Brasil teve na convocação dessa reunião entre os presidentes, que deve contar com a mediação do governo brasileiro, da CELAC e da CARICOM.
“O presidente Lula tem uma liderança regional incontestável e está comprometido com a paz e com o diálogo. A sua determinação, logo depois de ver o resultado do referendo, depois de ver que o povo da Venezuela estava comprometido, foi uma posição determinante para conseguirmos o diálogo”, disse o ministro.
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