Após ser flagrado sorrindo e abraçado ao ministro da Justiça, Flávio Dino, durante a sabatina na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) do Senado, o senador Sergio Moro (União Brasil-PR) recebeu um alerta de um aliado por meio de uma conversa no WhatsApp para não tornar público seu voto.
Como parlamentar da oposição ao governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT), Moro poderia ficar em uma posição vulnerável se demonstrasse apoio público a Dino para a vaga no Supremo Tribunal Federal (STF).
O Estadão registrou a mensagem no celular de Moro durante a sessão no plenário do Senado, onde ele estava em diálogo com uma pessoa identificada apenas como “Mestrão”.
O interlocutor alertou Moro sobre a repercussão nas redes sociais, mencionando que o “coro está comendo”. Imagens do senador da oposição abraçado e sorrindo com Dino circularam na internet durante o mesmo dia.
Após o alerta, Mestrão tentou acalmar o senador, dizendo: “fica frio que já já passa”. No entanto, ele reiterou a orientação: “não pode ter vídeo de você falando que votou a favor, senão isso vai ficar a vida inteira rodando”.
O Estadão flagrou a troca de mensagens entre Moro e Mestrão, onde o senador respondeu: “Blz (beleza). Vou manter meu voto secreto, é um instrumento de proteção contra retaliação (sic)”.
Durante o levantamento feito pelo Estadão com todos os parlamentares, Moro optou por não declarar seu voto. Na votação no plenário do Senado, a indicação de Dino para o STF obteve 47 votos a favor e 31 contra.