A indicação do ministro Flávio Dino para uma cadeira no Supremo Tribunal Federal (STF) provocou uma movimentação da direita quatro vezes maior nas redes sociais em comparação à indicação de Cristiano Zanin, o primeiro nomeado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) durante seu terceiro mandato.
Um levantamento realizado pela consultoria de redes Arquimedes, a pedido do jornal O Globo, revelou que o debate on-line foi impulsionado por críticas de políticos de direita, enquanto os aliados de Lula focaram em ataques à oposição.
Entre a oficialização da escolha e a sabatina de Dino na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) do Senado, o atual ministro da Justiça acumulou cerca de 950 mil publicações no X, antigo Twitter, relacionadas à sua indicação para o STF.
Políticos do campo da direita intensificaram a presença nas redes sociais entre 6 e 13 de dezembro, promovendo um discurso contrário à indicação, com participação de figuras como os deputados federais bolsonaristas Nikolas Ferreira (PL-MG) e Carla Zambelli (PL-SP).
Outro aspecto que impulsionou a discussão foi o histórico político de Dino, ex-governador do Maranhão por oito anos e com passagem por cargos na estrutura federal durante gestões petistas anteriores. Para Pedro Bruzzi, diretor da Arquimedes, essa diferença foi crucial em relação ao debate sobre Cristiano Zanin, figura menos conhecida pelo grande público.
Durante o período entre a indicação e a sabatina de Zanin, foram contabilizadas 230 mil menções ao atual ministro do STF — um número quatro vezes menor do que o registro sobre Dino. Nesse caso, as críticas à nomeação se concentravam em aspectos técnicos, vindas de figuras do campo jurídico, e estavam relacionadas ao fato de ele ter sido advogado de Lula em processos da Operação Lava Jato.
Bruzzi destaca que a maioria dos conteúdos, provenientes da oposição, visava mobilizar conservadores do Congresso a votarem contra a indicação, argumentando possíveis complicações para o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). Também convocaram apoiadores a participar de uma manifestação no último dia 10 contra a escolha do presidente petista.
“As postagens buscavam instigar revolta e mobilização entre os conservadores, pressionando o Senado a não aprovar Flávio Dino”, analisa. “A direita demonstrou maior organização online sobre este tema do que a esquerda, pelo menos no período pré-sabatina — isso faz sentido, já que o sentimento de satisfação não gera grande mobilização”.
Conforme o levantamento da Arquimedes, a esquerda se manifestou criticando os participantes da manifestação no último dia 10 e, posteriormente, celebrando a aprovação do nome de Dino no Senado.