Uma obsessão do presidente fascista preocupa os judeus argentinos. Por Moisés Mendes

Atualizado em 17 de dezembro de 2023 às 13:39
Javier Milei, recém-eleito presidente da Argentina. (Foto: Reprodução)

Moisés Mendes

O jornal La Nación publicou reportagem que aprofunda uma das tantas questões controversas envolvendo Javier Milei: sua obsessão em dizer que é amigo de Israel e dos judeus e a decisão de converter-se ao judaísmo.

Por que essa exposição pública, que alguns consideram uma farsa e que o coloca ao lado de líderes da direita judaica de Buenos Aires, preocupa outros judeus progressistas da comunidade?

Toda a reportagem tem foco no receio de líderes judeus de que essa aproximação não dará certo e de que mancha a imagem deles, além de fomentar conflitos com outras religiões e etnias.

Javier Milei, assim como Bolsonaro, precisa dizer que está com o fascismo que governa Israel e dessa forma está também com os Estados Unidos e todos que patrocinam o massacre de Gaza.

A maioria dos críticos faz declarações anônimas ao jornal, contrariados com a tentativa do extremista de conectar suas políticas ao judaísmo.

Mas um líder, Alejandro Avruj, rabino da comunidade Amijai, disse o que pensa sem temer represálias:

“A busca espiritual e o desenvolvimento de uma ética baseada em valores espirituais são essenciais para qualquer político, empresário, jornalista ou trabalhador. O que eu espero é que isso fosse trabalhado na esfera pessoal e privada, sem que se tornasse parte da agenda pública”.

Milei participa de “festa das luzes”. (Foto: Reprodução)

Na posse, ao receber os cumprimentos de meia dúzia de governantes, Milei fez um gesto cuja repercussão os jornais quase esconderam. Entregou a Volodimir Zelenski um grande candelabro de nove braços do chanucá, a festa das luzes dos judeus.

Só o ucraniano recebeu o candelabro. O sujeito que tem um Exército de milicianos nazistas, como o Batalhão Azov, recebe de um indivíduo apoiado por nazistas um presente-símbolo do judaísmo. Parece estranho, mas é uma jogada.

Bolsonaro também já fez fotos ao lado do candelabro e se dizia amigo dos judeus e de Israel, enquanto aparecia ao lado de europeus nazistas e teve assessores que são processados hoje por vínculos com o nazismo e o supremacismo.

O presente foi certamente uma cena combinada, para que não houvesse surpresa. Zelenski parecia radiante.

Na terça-feira, logo depois de seu ministro da Fazenda, Luis Caputo, anunciar o primeiro pacote com o choque da desvalorização do peso, Milei participou à noite de uma festa das luzes, ao lado de um candelabro.

Foi na Praça Uruguay, em evento promovido pela organização judia ortodoxa Jabad Lubavitch. Logo no início do evento, segundo o La Nación, Milei gritou: “A luz triunfa diante da escuridão”.

Judeus progressistas argentinos, brasileiros e de toda a América Latina sabem que estão diante de um farsante.

Originalmente publicado em Blog do Moisés Mendes

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