O negócio milionário da homofobia

Atualizado em 9 de junho de 2015 às 14:27

homofobia

 

Quando gente como Silas Malafaia ou Marco Feliciano abre a boca para vomitar ódio contra homossexuais, deve-se pensar cada vez menos em religião e mais em dinheiro.

Siga o dinheiro, sempre ele.

O que faz o sucesso de um pastor? Um rebanho grande, uma multidão disposta a tudo para expulsar de suas vidas o que identificam como o demônio, o diabo, o tranca-rua, o coisa-ruim, aquele que atrasa as coisas; o “inimigo”, enfim.

O inimigo tem as faces de sempre: as drogas e o álcool, o adultério, o vício no jogo, o fracasso financeiro, etc etc.

O rebanho paga bem, muito bem, para se ver livre do demônio. Milhões e milhões de reais livres de impostos.

E o “demônio” que mais assusta o Brasil conservador, você imagina qual é: é um diabo que faz você ouvir Madonna e bebericar cosmopolitans. Em pesquisa do Ibope feita há três anos, 24% dos brasileiros disseram que se afastariam de um colega de trabalho caso descobrissem que ele é gay. No mesmo estudo, 55% se colocaram contra a união de pessoas do mesmo sexo. Entre as pessoas de mais de 50 anos, o número subia para 73%.

Toda vez, portanto, que Malafaia aparece dizendo que está “aqui pra dizer que a família é milenar, homem, mulher e sua prole”, ele está ouvindo o dinheiro tilintar na caixa registradora. Quando ganha fachada ao pedir o boicote a uma novela ou um comercial de perfume que ousem retratar a realidade, ele ouve o farfalhar das notas.

Toda vez que Marco Feliciano escreve (sic) no Twitter que “A podridão dos sentimentos dos homoafetivos levam ao ódio, ao crime, à rejeição”, ele liga para o salão de beleza e encomenda o alisamento capilar mais caro que o dinheiro pode comprar.

Até quando vira notícia porque seu site é invadido por hackers que pintaram a página inicial com as cores do arco-íris, Feliciano vai sorrindo a caminho do banco.

Você não precisa acreditar em mim. Acredite (se conseguir) em Malafaia. Veja um tweet dele:

 

São homens que vivem do medo, que vivem de incitar o preconceito e o ódio para vender a solução em seus templos. São homens ricos que ficarão mais ricos em meio a cada polêmica.

Porque simplesmente não há punição contra seus crimes de ódio contra cidadãos brasileiros que nada de errado fizeram.

Instilando o desespero na mente das pessoas, associando os gays à decadência moral, a doenças e comportamento criminoso, eles conseguem, lá na frente, cacife político para colocar um Eduardo Cunha na presidência da Câmara. O mesmo abominável que trava toda a agenda de inclusão GLBT e que, em silêncio, aprovou na semana passada mais isenção tributária a igrejas.

(Cunha, aliás, é dono de uma mega rádio gospel, onde se criou como força política. Seu apetite para ganhar dinheiro em nome do Senhor é tão grande que o rapaz se adonou de 154 domínios de internet com a palavra “Jesus”.)

Ter preconceito contra homossexuais, portanto, é um bom negócio. Quem sabe não se arranja até espaço para promover a “cura gay”, como quis Feliciano enquanto presidia a Comissão de Direitos Humanos da Câmara.

Imagine quanto se cobra a uma faxineira para “endireitar” o filho boiola por aí.

Uma das raízes da palavra homofobia é, não à tôa, “medo”; na socidade ocidental, há séculos o homossexualidade é alvo do que pode se classificar de medo irracional.

Algumas linhas da psicologia afirmam que a homofobia não passa da projeção de um medo interior de sentir atração por alguém do mesmo sexo. Proibindo que a homossexualidade aconteça fora dele, o indivíduo acredita estar em segurança com seus impulsos indesejáveis. É um mecanismo rudimentar de autopreservação do aparelho psicológico.

É comum achar que sim, mas não acho que nossos pastores sejam gays enrustidos. Duvido até que sejam, realmente, homofóbicos.

São capitalistas declarados, isso sim. Gênios da publicidade gratuita, manipulam o medo dos pobres e segregam quem nada tem a ver com seu sonho de poder.