Moisés Mendes
Quando Lula disse que 2024 será o ano da pacificação, ele não sugeriu, de jeito nenhum, que os brasileiros saiam por aí erguendo bandeiras brancas para os chefes da fabricação e da disseminação do ódio.
Não há trégua com essa gente. É inimaginável que alguém possa chamar um líder fascista para um chá da tarde, em nome do fim de desavenças que vão muito além das diferenças políticas.
O que Lula disse é que devemos tentar pacificar relações de convivência, incluindo as institucionais, depois de quatro anos de crueldades, agressões e violências bolsonaristas.
Com os líderes, com as vozes de comando do bolsonarismo, não há conciliação possível. Lula não disse, mas não precisa dizer que chefes impunes das engrenagens do ódio não são contemplados pelo seu apelo.
Mesmo assim, os jornalões tentaram jogar o presidente contra a própria ideia da conciliação, com o pretexto de que ele havia atacado seu antecessor, dias antes da fala de Natal, definindo-o como facínora.
Alguém pode imaginar que Lula enviaria um emissário com recados de conciliação para Bolsonaro? Para Sergio Moro? Para Braga Netto? E que deixaria de chamá-los pelo que são?
Não há conciliação com os que comandaram a estrutura negacionista da pandemia. Os que sonegaram vacinas e mataram milhares, propagaram difamações e mentiras e incentivaram a violência contra gays, trans e indígenas.
A pacificação proposta por Lula renova a tentativa de distensionamento de conflitos cotidianos em ambientes familiares, de trabalho e de vizinhança, por mais que a maioria dos seguidores de Bolsonaro considere essa pacificação improvável.
Mas a conciliação não pode ser usada contra os que combatem o fascismo intermitente. Não há pacificação onde houver a mínima insinuação de que as penas para os criminosos da extrema direita podem ser atenuadas.
São inconciliáveis, de um lado, as prerrogativas e as obrigações de quem deve buscar reparação por quatro anos de arbitrariedades, e de outro, os interesses de quem se nega a reconhecer que foi arbitrário.
Não teremos distensão se houver afrouxamento da vigilância diante das violências do bolsonarismo, que persistem e são reproduzidas por seus imitadores com mandatos no Congresso.
Não são conciliadores os que continuam agredindo o Supremo e mesmo os que, por covardia, decidiram silenciar e insinuar que agora estão no mesmo barco e submissos às ordens do comandante Lula.
Esses, os que falaram e agiram muito durante quatro anos contra a democracia, mas estão quietos depois da tentativa de golpe de 8 de janeiro, serão excluídos desde já de qualquer aceno pela pacificação.
O emudecimento deles é parte da tática dos que tentam sobreviver como extremistas fingindo-se de mortos. As eleições municipais podem ressuscitá-los, com todo o estoque de ódio armazenado desde a derrota para Lula.
Originalmente publicado em Blog do Moisés Mendes
Participe de nosso grupo no WhatsApp, clicando neste link
Entre em nosso canal no Telegram,clique neste link