Lindbergh rebate entrevista de Haddad ao Globo e pede menos Faria Lima e mais “sabedoria do Lula”

Atualizado em 2 de janeiro de 2024 às 13:42
O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, e o deputado Lindbergh Farias (PT-RJ). Foto: Reprodução

O deputado Lindbergh Farias (PT-RJ) respondeu Fernando Haddad após crítica a uma resolução do partido. Em entrevista ao jornal O Globo, o ministro da Fazenda reclamou do documento da sigla que fala de um “austericídio” gerado por sua pasta.

Para Haddad, não faz sentido “celebrar Bolsa, juros, câmbio, emprego, risco-país, PIB que passou o Canadá, essas coisas todas, e simultaneamente ter a resolução que fala ‘está tudo errado, tem que mudar tudo'”.

“Olha, é curioso ver os cards que estão sendo divulgados pelos meus críticos sobre a economia, agora por ocasião do Natal. O meu nome não aparece. O que aparece é assim: ‘A inflação caiu, o emprego subiu. Viva Lula!’ E o Haddad é um austericida”, afirmou o ministro da Fazenda.

Em resposta, Lindbergh afirma que o PT jamais disse que “está tudo errado, tem que mudar tudo”. O deputado argumenta que a crítica da sigla ocorre porque “uma política dura de austeridade não foi apresentada em momento algum da campanha presidencial”.

“Lula foi eleito falando o oposto, que investimento não é gasto. Quando o PT aponta preocupações e desafios não é para fazer oposição ao ministro Haddad, mas para chamar atenção sobre problemas que poderemos ter com uma política fiscal contracionista”, afirma Lindbergh.

“Temos que parar de dar tanta atenção aos sábios da Faria Lima e olhar mais para a sabedoria do Lula que governou ampliando investimentos, melhorando a vida do povo pobre com um crescimento médio por ano de 4,1%”, completou.

Leia o texto de Lindbergh Farias na íntegra:

Li com bastante atenção a entrevista de Fernando Haddad ao jornal O Globo hoje. A resolução do PT não fala que “está tudo errado, tem que mudar tudo”. Pelo contrário, o governo Lula superou todas as expectativas pessimistas do mercado que previam um crescimento de apenas 0,7 % do PIB em 2023 e fez a economia crescer em torno de 3%.

A resolução do PT fala sobre isso e ressalta o papel da PEC da transição e de políticas como a volta da valorização do salário mínimo, o Bolsa Família reestruturado, a isenção da tabela do imposto de renda até 2 salários mínimos, o reajuste de 9% dos salários dos servidores que foram fundamentais para economia ter um fôlego esse ano. Graças a PEC da Transição e uma safra agrícola recorde esse ano, superamos todas as expectativas do mercado. Qual a diferença e as preocupações? Não vamos ter mais a PEC da transição em 2024. Em 2023, as despesas cresceram 9% e estimularam a economia.

Em 2024 vamos ter a meta de déficit primário zero que vai travar o orçamento, congelando as despesas, que na melhor das hipóteses, só vai poder crescer 0,6%. A preocupação é com o crescimento econômico. Há sinais claros de uma desaceleração econômica no início desse ano. A política monetária conduzida pelo Campos Neto é muito contracionista e ainda temos a mais alta taxa de juros do mundo.

Nesse quadro, optar por uma “austeridade fiscal” pode ter impacto forte no crescimento em 2024 com cortes no PAC, orçamento das universidades, institutos federais etc… E comprometer a popularidade e a governabilidade do Lula no Congresso.

Olivier Blanchard foi economista chefe do FMI, é um liberal e reconhecido como um dos maiores macroeconomistas vivos hoje no mundo. Ele alerta que todas as principais economias do mundo estão com déficit e que seria um erro fazer mudanças bruscas pq isso poderia levar a recessão e vitória de governos populistas de direita. Sabe qual a projeção do FMI de déficit em 2024 para os EUA, -4,3;China, -5,8; Japão, -3,6; França, -2,7; Índia, -2,9; Reino Unido, -1,9; Alemanha, -0,8.

Pelas projeções do FMI, só Brasil e Itália buscam déficit zero. Por que o Brasil com um governo de esquerda está optando deliberadamente, na contramão do mundo, por uma política dura de austeridade que não foi apresentada em momento algum da campanha presidencial? Lula foi eleito falando o oposto, que investimento não é gasto.

Quando o PT aponta preocupações e desafios não é para fazer oposição ao ministro Haddad, mas para chamar atenção sobre problemas que poderemos ter com uma política fiscal contracionista. O quadro político não é simples, temos uma extrema-direita forte, a democracia ainda precisa ser consolidada e temos um Congresso que atua como se já estivéssemos no semipresidencialismo retirando atribuições e boa parte do orçamento do controle do Executivo. Se a economia desacelerar, essa turma vai querer engolir o governo.

O que queremos é a consolidação da democracia e o sucesso do governo Lula. Para pensarmos em 2026 ou 2030, temos que falar menos de ajuste fiscal e mais de crescimento econômico. Temos que parar de dar tanta atenção aos sábios da Faria Lima e olhar mais para a sabedoria do Lula que governou ampliando investimentos, melhorando a vida do povo pobre com um crescimento médio por ano de 4,1%.

https://twitter.com/lindberghfarias/status/1742217337841783137

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