Inúmeros documentos judiciais identificando associados do criminoso sexual Jeffrey Epstein foram tornados públicos na quarta-feira (3). Alguns dos nomes de destaque incluem Donald Trump, o príncipe Andrew, irmão do rei Charles, o ex-presidente dos EUA Bill Clinton, Michael Jackson, o físico Stephen Hawking e David Copperfield.

Os nomes recém-divulgados desses associados estavam contidos em documentos judiciais apresentados como parte do processo movido por Virginia Giuffre contra Ghislaine Maxwell. A socialite britânica foi condenada em dezembro de 2021 por tráfico sexual e acusações semelhantes por recrutar adolescentes para Epstein.

Antes da divulgação, os nomes eram listados nos documentos judiciais como variantes de “John Doe” (zé ninguém, na gíria em inglês). Muitos desses nomes são de pessoas que já haviam sido identificadas publicamente como ligadas a Epstein.

A inclusão de um nome nesta lista não significa que a pessoa em questão tenha sido acusada de má conduta em relação a Epstein. Entre os nomes estão mencionados em processos legais.

Em um depoimento, Ghislaine Maxwell sugere que Andrew visitou a Ilha de Epstein nas Ilhas Virgens dos EUA. Epstein foi acusado de abusar de várias meninas nesta ilha. “Preciso perguntar, você estava presente na ilha quando o Príncipe Andrew a visitou?”, Maxwell foi questionada.

Ela respondeu afirmativamente e, ao ser questionada quantas vezes, disse: “Só consigo lembrar de uma vez”. Quando perguntada se havia meninas na ilha naquele momento, Maxwell insistiu: “Não havia meninas na ilha de jeito nenhum. Nenhuma menina, nenhuma mulher, além da equipe que trabalha na casa.”

Um documento incluiu um depoimento dado por Johanna Sjoberg, ex-nadadora sueca, a quem Maxwell supostamente recrutou para realizar atos sexuais com Epstein. Sjoberg disse em seu depoimento que Epstein “disse uma vez que Clinton gosta de novinhas”.

Em 2019, o porta-voz de Clinton, Angel Ureña, negou as alegações e escreveu em uma declaração no Twitter que “o Presidente Clinton não sabe nada sobre os terríveis crimes aos quais Jeffrey Epstein se declarou culpado na Flórida alguns anos atrás, ou aqueles pelos quais ele foi recentemente acusado em Nova York.”

Johanna Sjoberg também disse que o falecido músico Michael Jackson estava na mansão de Epstein em Palm Beach, assim como o famoso mágico David Copperfield. “Você já conheceu alguém famoso quando estava com Jeffrey?” ela foi questionada. “Conheci Michael Jackson… na casa dele em Palm Beach.”

Quanto a Copperfield, Sjoberg disse que ele participou de um jantar em uma das casas de Epstein e “fez alguns truques de mágica”. “Você viu David Copperfield na casa de Jeffrey Epstein?”, ela foi questionada. Sjoberg respondeu afirmativamente.

“Copperfield já discutiu o envolvimento de Jeffrey com jovens com você?”, ela também foi questionada. “Ele me perguntou se eu sabia que as meninas estavam sendo pagas para encontrar outras meninas.”

Viirginia Giuffre alegou que Epstein e Maxwell a forçaram a um encontro sexual com o príncipe Andrew quando tinha 17 anos. Em 2021, Giuffre processou o Príncipe Andrew por suposto abuso sexual. O processo foi encerrado no início de 2022. Andrew sempre negou veementemente qualquer má conduta. Como parte do acordo, ele concordou em fazer uma doação para a instituição de caridade de direitos das vítimas de Giuffre.

Em um e-mail enviado em 2015, Epstein escreveu para Maxwell: ‘Você pode emitir uma recompensa para qualquer um dos amigos, conhecidos e familiares da Virgínia que se apresentarem e ajudarem a provar que suas alegações são falsas.”

Em 2006, Stephen Hawking foi fotografado na ilha de Epstein, como parte de uma viagem a uma conferência científica na ilha vizinha de St Thomas. No entanto, esta conferência foi paga por Jeffery Epstein e contou com a presença de Hawking e outros 20 cientistas.

A divulgação dos documentos faz parte de várias partes dos arquivos no processo civil de Giuffre que foram divulgadas após o esforço de longos anos do Miami Herald para torná-los públicos. Giuffre não fez alegações de má conduta contra Clinton.

Em um conjunto de documentos divulgados em julho de 2020, Giuffre alegou que Ghislaine Maxwell participou do abuso sexual de adolescentes por Epstein. Os documentos foram divulgados semanas após a prisão de Maxwell por seu envolvimento no tráfico sexual.

Giuffre alegou que Maxwell a atraiu para a órbita perversa de Epstein sob a falsa pretensão de trabalho como massagista profissional. Em vez disso, Giuffre disse que Maxwell a “treinou como escrava sexual”, de acordo com um documento do processo.

Epstein foi preso em 6 de julho de 2019 por tráfico sexual. Ele foi encontrado morto em sua cela em 10 de agosto do mesmo ano; as autoridades determinaram que ele se enforcou. Ghislaine Maxwell foi condenada em junho de 2022 a 20 anos de prisão. Ela alega inocência e está recorrendo da condenação.