A Arquidiocese de São Paulo emitiu uma nota oficial na última sexta-feira (5), em resposta às acusações feitas pelo presidente da Câmara dos Deputados, Milton Leite (União Brasil), contra o padre Júlio Lancellotti. As alegações do vereador, que afirmou ter recebido “denúncias graves” contra o pároco, incluíram a intenção de levar o caso ao Vaticano, mesmo entrar no mérito de dizer quais seriam.
A Arquidiocese, por meio da nota, “lamenta igualmente que uma questão suposta, ainda a ser verificada, seja instrumentalizada politicamente”, e expressou desconhecimento das acusações hipotéticas e lamentou não ser informada corretamente sobre os supostos fatos envolvendo o padre Júlio.
O padre Júlio Lancellotti é alvo da CPI das ONGs, proposta pelo vereador Rubinho Nunes (União Brasil), que pode ser instalada em fevereiro. O presidente da Câmara, Milton Leite, afirmou à Folha de S. Paulo que aguardará as denúncias serem protocoladas para se manifestar. “Quando as denúncias contra ele, que são de extrema gravidade, forem protocoladas, vou me manifestar”, alegou.
Procurado pela coluna da jornalista Mônica Bergamo, o padre Júlio enviou uma reportagem da revista Piauí, publicada em 2022, que revelou a tentativa de forjar uma acusação de pedofilia contra o pároco por integrantes do Movimento Brasil Livre (MBL). O vereador Rubinho Nunes, autor da CPI, afirma ter recebido novas acusações após a repercussão do caso.
Arthur do Val tentou se beneficiar de uma armação criminosa que acusava o padre Julio Lancellotti de pedofilia. Ex-integrantes do MBL disseram a @joao_batistajr que a mentira foi usada para impulsionar a candidatura de Do Val à prefeitura paulista em 2020. https://t.co/Jr9M4hdesH
— revista piauí (@revistapiaui) July 15, 2022
O vereador ainda destacou que, caso seja atestada a veracidade do conteúdo, levará o caso às competências superiores e, caso contrário, promoverá a destruição do material.
A Arquidiocese já havia se manifestado em defesa do padre Júlio na noite de quarta-feira (3), acompanhando a ofensiva “com perplexidade”. O presidente Lula (PT) também saiu em defesa do religioso, destacando a importância de seu trabalho.
A CPI de Rubinho Nunes pretende investigar o Centro Social Nossa Senhora do Bom Parto, conhecido como Bompar, e o coletivo Craco Resiste, ambos atuando com populações em situação de rua e dependentes químicos na região central de São Paulo, assim como o padre Júlio. O pároco afirmou anteriormente que não tem qualquer incidência sobre essas entidades e não atua em projetos conjuntos com elas.
Veja a nota da Arquidiocese de São Paulo na íntegra:
“A Arquidiocese de São Paulo, através da sua assessoria de imprensa, informa que desconhece as supostas acusações às quais se referem o Presidente da Câmara Municipal, Milton Leite, e o vereador Rubinho Nunes. Lamenta não ser informada devidamente por quem diz ter informação de supostos ‘fatos gravíssimos’ referentes a um padre pertencente à Arquidiocese de São Paulo, que tem todo interesse em conhecer os supostos fatos. Lamenta igualmente que uma questão suposta, ainda a ser verificada, seja instrumentalizada politicamente”.
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