Brasil está dividido sobre influência de Bolsonaro no 8 de janeiro

Atualizado em 7 de janeiro de 2024 às 10:54
O ex-presidente Jair Bolsonaro em meio a apoiadores. (Foto: Reprodução)

O Brasil está dividido em relação à influência do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) nos atos ocorridos em Brasília no dia 8 de janeiro de 2023. A informação foi obtida após a análise da última pesquisa da Quaest sobre a opinião dos brasileiros um ano após as ações realizadas por terroristas bolsonaristas. A pesquisa foi publicada no site da Quaest e no perfil do diretor da pesquisa, Felipe Nunes, no X, antigo Twitter:

Um ano depois, os atos de 8/1 continuam rechaçados pela grande maioria da população. Pesquisa Genial/Quaest mostra que em todas as regiões, faixas de renda, escolaridade e idade, em torno de 90% dos brasileiros condenam os atos (em 2023, desaprovação era de 94%).

Maioria dos brasileiros desaprova os atos de 8 de janeiro. (Foto: Quaest)

Entre os eleitores de Bolsonaro, o índice de desaprovação é de 85%. Entre os eleitores de Lula, chega a 94%. A rejeição dos dois lados mostra a resistência da democracia brasileira. Diante de tanta polarização, é de se celebrar que o país não tenha caído na armadilha da politização da violência institucional.

Aprovação e desaprovação dos atos de 8 de janeiro entre apoiadores de Lula e Bolsonaro. (Foto: Quaest)

Muita gente compara nosso 8/1 com o 6/1 nos EUA. Depois de um ano, eu prefiro ressaltar as diferenças. Em jan/21, logo depois da invasão do Capitólio, 9% dos americanos aprovavam os atentados (no Brasil foram 4%). Em janeiro de 2022, um ano depois, esse percentual passou para 14% (no Brasil, chegou a 6%, menos da metade).

Percentual de apoio à invasão do Capitólio e à Praça dos Três Poderes. (Foto: Quaest)

O grande erro que Biden cometeu e que permitiu aos Republicanos se recuperarem meses depois do mais violento ataque à democracia americana tem nome: “partidarização”. O 6 de janeiro nos EUA não é hoje um tema da democracia, mas um tema da polarização partidária: Democratas versus Republicanos.

No Brasil, para que os índices de apoio às invasões continuem baixos não se deve partidarizar o assunto. É imperativo que esse debate não seja contaminado por cores partidárias, já que se trata de um problema do Estado brasileiro. É a defesa das regras, da Constituição e da própria democracia que estão em jogo neste caso.

A não-politização do tema no caso brasileiro está refletida no fato de não ter aumentado as diferenças de percepção se os participantes das invasões representam a média dos eleitores do ex-presidente ou se são radicais. Diminui de 42% para 37% (-4pp) a percepção de que são representantes legítimos do bolsonarismo. A maioria, 51%, acredita que são radicais que não representam o eleitor típico do Bolsonaro.

Percentual de entrevistados que concordam e discordam sobre a maioria dos terroristas representarem simpatizantes do ex-presidente Jair Bolsonaro. (Foto: Quaest)

Essa mudança aconteceu dentro do eleitorado do Lula. Em 2023, a diferença entre quem achava que eram representantes do Bolsonarismo ou não era de 37 pp. Em 2024, essa diferença caiu para 29 pp. Uma mudança estatisticamente significativa.

Percentual de entrevistados que concordam e discordam sobre a maioria dos terroristas representarem simpatizantes do ex-presidente Jair Bolsonaro. (Foto: Quaest)

Perguntados pela Genial/Quaest sobre a possibilidade de influência do ex-presidente Jair Bolsonaro na organização dos atos, as opiniões se dividiram: 47% acreditam que Bolsonaro teve alguma influência, contra 43% que pensam o contrário. Em 2023, essa diferença era maior.

Percentual de entrevistados que concordam e discordam sobre a influência de Bolsonaro nos atos de 8 de janeiro. (Foto: Quaest)
No recorte regional, apenas no Centro-Oeste/Norte não vimos mudanças significativas. Mas o destaque é a região Sul, onde em fevereiro as duas opiniões estavam empatadas em 46% e a última pesquisa registra 53% que não acreditam em alguma influência e 39% que acham que sim.
Percentual de entrevistados, por região, que concordam e discordam sobre a influência de Bolsonaro nos atos de 8 de janeiro. (Foto: Quaest)
No recorte por voto no segundo turno, vemos novamente a polarização que tem se calcificado no país: 76% dos eleitores de Lula acusam e 81% defendem o ex-presidente, com oscilação mínima sobre fevereiro. Ou seja, quando o tema é politizado, a reação é polarização.
Percentual de entrevistados que concordam e discordam sobre a influência de Bolsonaro nos atos de 8 de janeiro entre apoiadores do ex-presidente e apoiadores do presidente Lula. (Foto: Quaest)

A pesquisa foi realizada entre os dias 14 e 18 de dezembro, com 2.012 entrevistas presenciais com brasileiros de 16 anos ou mais em todos os Estados. A margem de erro é de 2,2 pontos percentuais.

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