O presidente fica em casa para estar ao lado dos seus cães. Por Moisés Mendes

Atualizado em 10 de janeiro de 2024 às 6:49
Javier Milei, presidente da Argentina. (Foto: Reprodução)

O jornal Página 12 mostrou na capa um vídeo em que Javier Milei aparece na sacada da Casa Rosada e acena para meia dúzia de pessoas.

A chamada era essa: Milei acena da sacada da Casa Rosada vestindo uma jaqueta de couro. Por que o destaque para a jaqueta de couro? Porque a temperatura em Buenos Aires na tarde de terça-feira era de 30 graus.

O que o jornal quis destacar, em meio a situações esdrúxulas, é que Milei usa jaqueta de couro numa tarde de 30 graus. Os jornais abordam todos os dias as excentricidades do fascista.

Milei decidiu, depois da mudança na segunda-feira, que só vai aparecer na Casa Rosada duas vezes por semana, às terças e quintas. Para conversas com os ministros

No resto da semana irá despachar da residência da Quinta de Olivos, a casa onde moram os presidentes, por computador e telefone.

Milei vai dispensar toda o simbolismo e a estrutura da Casa Rosada e a proximidade com seus assessores, que lá estão, para ficar na residência oficial, porque, acreditem, ali moram seus cachorros.

Milei só decidiu se mudar de um hotel para a Residência de Olivos depois que providenciaram instalações para os quatro cães, todos clonados de Conan, um antigo cachorro morto.

Milei e a irmã, Karina, mandaram fazer uma limpeza energética na casa, porque ambos têm ligações com esoterismos, mas não há informações sobre o tipo de limpeza realizada.

O moralista Milei deve 264 mil pesos em multas de trânsito, o equivalente a R$ 1,6 mil. Uma das multas foi aplicada em outubro do ano passado porque seu Peugeot RCZ circulava a 198 quilômetros por hora na Rodovia Panamericana.

Ele não estava dirigindo o carro? Mas o automóvel é dele e a multa não foi paga. O mesmo Peugeot passou a cancela sem pagar um pedágio, ainda em outubro, na autopista Illia, e a multa de R$ 132 também não foi paga.

Assim como ele não pagou e não disse quem vai pagar 17 milhões de pesos pela estadia, desde a campanha até segunda-feira, no Hotel Libertador, de quatro estrelas. São mais de R$ 100 mil.

A estadia foi um presente de um empresário amigo? Mas o presidente da Argentina pode receber presentes caros, assim como Bolsonaro recebia cavalos de ouro de príncipes das arábias?

Já há até na grande imprensa argentina sinais com a sensação de que Milei é mais do que um sujeito estranho e autoritário.

Javier Milei. (Foto: Reprodução)

Há, em especial nos jornais de esquerda, a certeza de que ele vive, como boa parte da extrema direita brasileira, em uma realidade paralela.

A jaqueta de couro num calor de 40 graus deve ser vista nesse contexto de um governo em que o seu ocupante vai trabalhar pelo sistema remoto, como um despachante, porque seus cães não podem ficar longe dele.

Dia 24, a CGT, a maior central sindical argentina, promete parar o país contra o pacote de mudanças radicais que empobrecem a população.

Há expectativa com a reação do sujeito, que vem perdendo apoio do mercado financeiro, de parte do macrismo, dos empresários e do Judiciário. Milei está construindo a primeira grande tragédia argentina do século 21. Até seus cachorros sabem.

Originalmente publicado em Blog do Moisés Mendes

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