O Valor de hoje publica uma reportagem interessante sobre a visão do Império ou Norte Global sobre a política externa do governo Lula. Informa de Genebra o repórter Assis Moreira que sua vitória nas eleição presidencial causou grande alívio lá em cima.
Contava o Norte Global que o governo Lula logo se submetesse às suas diretivas: internamente, rejeitar o desenvolvimentismo e deixar a economia por conta do mercado, e externamente, aderir a ele. Mas, como diz o repórter, não foi isso que aconteceu.
“Lula e seu entorno voltaram ao poder com uma dose de autoconfiança muito grande – e com excesso de ambição para alguns.” Mas o mundo havia mudado com surgimento de uma segunda potência, a China, e a guerra da Ucrânia.
Assim, o Norte Global agora não aceitava que o Brasil procurasse ficar neutro entre o Ocidente e o Oriente. Na verdade, nunca aceitou. Ele sempre exigiu submissão.
O “Financial Times” foi o primeiro a dar o alerta. Em julho o jornal publicou como manchete: “Lula traz um manual retrô para o Brasil moderno” – só faltou completar, um Brasil que por ser “moderno” cresce maravilhosamente…
A “imagem do Brasil” estaria agora sendo prejudicada pela ação de Lula. E dessa forma o Norte Global pressiona os países da periferia do capitalismo. Mas porque seria bom manter a imagem do Brasil se, para isso, precisamos nos submeter?
Quem propõe essa tese é o próprio Norte Global e as elites econômicas e políticas brasileiras que estão mais identificadas com esse Norte do que com o Brasil.
Não é fácil fazer o Brasil retornar ao desenvolvimento, mas nada seria pior do que o país voltar a se curvar diante da pressão do Norte Global apoiado por elites locais alienadas. Lula não está disposto a deixar que isto aconteça, e isto é muito bom.
A pressão do Norte-Global sobre o Brasil.
— Luiz Carlos Bresser-Pereira (@BresserPereira) January 11, 2024