Desigualdade: renda da elite brasileira triplicou no governo Bolsonaro

Atualizado em 17 de janeiro de 2024 às 8:57
Desigualdade: elites de baixa qualidade, como é o caso da brasileira, operam modelos de extração de valor (C. Fernandes/Getty Images)

A renda da elite no Brasil, composta por 15 mil pessoas que representam 0,01% da população, cresceu até o triplo do ritmo observado entre o restante da população nos últimos anos, aumentando a concentração de riqueza ao final do governo do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).

O crescimento médio da renda nesse grupo quase dobrou, atingindo 96% entre 2017 e 2022, enquanto os ganhos dos 95% mais pobres avançaram apenas 33%, pouco acima da inflação do período.

A análise foi conduzida pelo economista Sérgio Gobetti e divulgada pelo Observatório de Política Fiscal do FGV Ibre – esse é o primeiro cálculo da concentração no topo da pirâmide no Brasil após a divulgação de dados detalhados das declarações do Imposto de Renda pela Receita Federal.

1% mais ricos

Ampliando a análise para a fatia 1% mais rica, o crescimento foi de 67%, e entre os 5% com maiores ganhos, de 51%. Segundo Gobetti, os cálculos preliminares indicam que a concentração atingiu níveis inéditos, com a proporção da renda nacional apropriada pelo 1% mais rico crescendo de 20,4% para 23,7%.

“Ao que tudo indica, o nível de concentração de renda no topo bateu um novo recorde histórico, depois de uma década de relativa estabilidade da desigualdade”, disse o economista.

A concentração de renda se destaca especialmente entre aqueles com ganhos acima de R$ 140 mil mensais líquidos, cuja fatia do bolo cresceu de 9,2% para 11,9% ao longo dos cinco anos.

Fatores que influenciam o fenômeno

Os fatores que contribuem para esse crescimento incluem os ganhos com atividade rural, parcialmente isentos, e o aumento do valor distribuído em forma de lucros e dividendos, que passou de R$ 371 bilhões em 2017 para R$ 830 bilhões em 2022.

Ainda sobre o tema, Gobetti destaca que a revogação da isenção sobre dividendos é um ponto central na proposta de reforma da tributação da renda que o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) pretende enviar ao Congresso até março.

Presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) durante reunião no Palácio do Planalto. Foto: Ricardo Stuckert/PR

A reforma busca eliminar brechas de elisão fiscal usadas pelos mais ricos e aumentar a arrecadação sobre a renda.

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