O empresário Mario Ari Luf, alvo de busca e apreensão da Polícia Federal (PF) nesta quarta-feira (24), já foi acusado pela própria filha, Stephanie Golin Luft, de fraudar seu patrimônio para reduzir a herança a que ela teria direito. O valor estimado de sua participação é de R$ 1,125 bilhão, segundo o advogado da herdeira.
Nascida do relacionamento entre Mario e Marinez Golin, ex-funcionária da Transportes Luft, Stephanie contesta a antecipação da herança recebida pelos meio-irmãos de um casamento anterior. “Quero que a Justiça seja feita. Gostaria dos meus direitos preservados. Sou tão filha quanto os meus irmãos”, disse em 2020 ao UOL.
A antecipação teria ocorrido por meio de manobras, iniciando em 1998, quando Ilka Luft, a primeira esposa de Mario, repassou parte dos bens a Ademar Luft, irmão de Mario.
Documentos de alteração contratual indicam que, até maio de 1998, Mario possuía 66,67% da Transportes Luft. Após as transferências, ficou com 10%. A defesa de Stephanie alega que Mario e Ilka saíram da empresa em 2013, repassando suas cotas a Ademar Luft.
Além da questão patrimonial, alega-se atraso no pagamento de pensão alimentícia, acumulando dívidas estimadas em R$ 144 mil. Stephanie afirma não ter contestado antes devido à falta de conhecimento sobre as irregularidades e o tamanho do patrimônio.
O advogado alega que ela tomou conhecimento após o caso de Janaína Luft, ex-esposa de um dos filhos de Mario, que alegou fraude em um processo de divórcio para ocultar R$ 5 bilhões.
Operação Lesa Pátria
De acordo com as investigações, Mario Ari Luf teria financiado ônibus para levar simpatizantes do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) a Brasília e participado ativamente da orientação de movimentos golpistas junto a outras lideranças.
Os mandados visam, além de Mario, outro empresário de Barueri, em São Paulo, e constituem uma extensão da 23ª fase da Operação Lesa Pátria.
Tratam-se de mandados “atrasados”, pois a 23ª fase foi deflagrada em 8 de janeiro deste ano e a operação já está na 24ª fase, que cumpriu decisões judiciais no último dia 18, tendo como um dos alvos o deputado federal Carlos Jordy (PL-RJ).
De acordo com a PF, os mandados judiciais estão sendo cumpridos só agora “por conveniência investigativa”.