Palestinos comemoraram a decisão da Corte Internacional de Justiça (CIJ), em Haia, mas disseram estar decepcionados ao mesmo tempo. O tribunal ordenou que Israel evite qualquer ato de genocídio contra a população de Gaza e ajude civis em sofrimento, mas não determinou um cessar-fogo, como solicitado pela África do Sul na ação.
“Nós, os desabrigados, as famílias enlutadas e aqueles que perderam suas casas, tínhamos a ambição de que o tribunal pedisse um cessar-fogo imediato. Apesar disso, o que aconteceu foi uma vitória”, afirmou Mustafa Ibrahim, ativista de direitos humanos, à Reuters.
A corte decidiu dar prosseguimento à ação apresentada pela África do Sul. A juíza Joan E. Donoghue afirmou que “algumas alegações” expostas no processo têm fundamento e confirmou sua jurisdição para julgar acusações de genocídio. Para o político palestino Mustafa Barghouti, a decisão “significa colocar Israel em julgamento por seus crimes pela primeira vez”.
O primeiro-ministro da Autoridade Palestina sediada na Cisjordânia, Mohammad Shtayyeh, afirmou que havia uma expectativa de que a CIJ determinasse um cessar-fogo imediato. Mesmo assim, avalia que a decisão do tribunal “confirma o fim da impunidade de Israel e o coloca no banco dos réus como um criminoso de guerra”.
Mais de 26 mil palestinos foram mortos por ataques israelenses, segundo autoridades da Faixa de Gaza, e a maioria dos 2,3 milhões de habitantes de Gaza ficaram desabrigados com as ofensivas.
A corte não se pronunciou sobre a principal acusação da África do Sul, de que Israel cometeu genocídio nos ataques a Gaza, mas concluiu que os palestinos estão protegidos pela convenção de genocídio criada após o Holocausto e aceitou analisar uma possível violação de direitos durante a ofensiva.