Uma reunião interna da cúpula da Abin (Agência Brasileira de Inteligência), convocada pelo diretor-geral Luiz Fernando Corrêa na quinta-feira (25), dia da operação que visava a agência, agora está sob investigação da Polícia Federal (PF). Três servidores foram convocados para prestar informações sobre o conteúdo do encontro.
A operação na quinta-feira trouxe uma nova linha de investigação, sugerindo que a atual direção da Abin estaria atrapalhando as investigações, além das que já existiam na primeira fase da apuração. Após a PF tomar conhecimento da reunião, agentes decidiram intimar servidores para depor nesta sexta-feira (26). Uma das metas é apurar se a cúpula da Abin, durante a gestão Lula, tentou interferir nas investigações.
Na quinta-feira, a reunião ocorreu por volta das 11h, antes da retirada do sigilo da decisão de autorização da operação por parte do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF). Não era de conhecimento público que a atual cúpula da Abin foi mencionada pela PF no pedido que motivou a operação.
A PF aponta a possibilidade de “conluio” entre a atual gestão da Abin e servidores investigados. Agentes federais realizaram medidas de busca e apreensão na sede da agência, alegando que a cúpula barrara o acesso a documentos e fornecera informações incorretas à PF, dificultando a investigação.
A Abin nega essas acusações, afirmando que a reunião foi convocada para a gestão de crise, diante da repercussão negativa. Os servidores também negam a obstrução e destacam que nenhum pedido da PF ficou sem resposta.
A operação da PF na quinta-feira faz parte da investigação sobre o suposto uso político da Abin contra adversários políticos do ex-presidente Bolsonaro. O principal alvo é Alexandre Ramagem, ex-diretor da agência, atual deputado federal e pré-candidato à Prefeitura do Rio de Janeiro.
A PF investiga o uso pela Abin do software espião israelense FirstMile, apurando se a agência produziu relatórios ilegais sobre ministros do STF e opositores de Bolsonaro. A operação, batizada de “Vigilância Aproximada”, busca desmantelar uma “organização criminosa” que teria monitorado ilegalmente autoridades públicas.
O deputado Ramagem negou qualquer relação com softwares de espionagem da Abin, destacando que nenhum plano de operação contratado por ele envolvia o uso do FirstMile. A PF também investiga a “Abin Paralela”, suspeita de tentar ligar ministros do STF à facção criminosa PCC.
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