As recentes investigações da Polícia Federal sobre um programa de vigilância revelaram que um advogado próximo ao ex-presidente da Câmara, Rodrigo Maia, e da ex-deputada federal Joice Hasselmann, foi alvo de monitoramento pela Agência Brasileira de Inteligência (Abin) durante a gestão de Alexandre Ramagem. Segundo aponta a PF, essa ação foi ordenada pelo próprio Ramagem.
De acordo com informações da PF divulgadas pelo jornal O Globo, Giancarlo Gomes Rodrigues, militar do Exército cedido para a Abin durante a gestão de Ramagem, foi encarregado de realizar o monitoramento clandestino.
O advogado Roberto Bertholdo foi identificado como o alvo dessa vigilância, e segundo a Procuradoria-Geral da República (PGR), ele possuía ligações com os ex-deputados federais Joice Hasselmann e Rodrigo Maia, figuras consideradas adversárias do governo na época.
Durante uma operação realizada nesta segunda-feira (29), a PF defendeu a incursão na residência do militar, onde foram apreendidos uma arma, pelo menos 10 celulares e três computadores. A PGR ressaltou que Giancarlo Gomes Rodrigues atuava no Centro de Inteligência Nacional durante a gestão anterior, operando a ferramenta FirstMile.
No entanto, o foco principal da operação de hoje foi o vereador Carlos Bolsonaro (Rep-RJ), filho do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). Por ordem do ministro do STF, Alexandre de Moraes, foram apreendidos celulares e computadores nos endereços do vereador, e também foi autorizado o acesso à sua nuvem.
Essas ações fazem parte de uma investigação que apura se o deputado e ex-diretor da Abin, Alexandre Ramagem (PL-RJ), montou uma estrutura paralela na agência de inteligência para produzir dossiês e monitorar adversários do governo anterior. Carlos Bolsonaro é próximo de Ramagem e foi escolhido para coordenar a campanha do ex-diretor da Abin à prefeitura do Rio de Janeiro nas últimas eleições.
Um dos mandados de busca foi executado em uma residência em Angra dos Reis, na Costa Verde (RJ), onde a família Bolsonaro se reuniu no fim de semana para uma transmissão ao vivo.
As investigações sugerem que Carlos Bolsonaro teria recebido informações da Abin através do deputado Alexandre Ramagem, que era diretor da agência na época. Ramagem também está sob investigação e foi alvo de busca e apreensão na última quinta-feira.