A Polícia Federal está investigando se Alexandre Ramagem (PL-RJ), ex-diretor-geral da Agência Brasileira de Inteligência (Abin), atendeu a pedidos ilegais de informações feitos pelo vereador do Rio de Janeiro, Carlos Bolsonaro (Republicanos). As mensagens, enviadas entre outubro e novembro de 2022, coincidem com o período eleitoral e ocorrem pouco antes de Jair Bolsonaro (PL) deixar a Presidência.
Segundoreportagem de Juliana dal Piva, no ICL, o fato de Ramagem não ocupar mais o cargo na Abin nesse período, tendo deixado a função em março de 2022 para concorrer a uma vaga como deputado federal, sendo eleito posteriormente, também é motivo de desconfiança da PF.
Uma assessora de longa data de Carluxo, Luciana Paula Garcia da Silva Almeida, enviou mensagens a Ramagem solicitando informações sobre um inquérito envolvendo “PR e 3 filhos”. O pedido, revelado agora, foi feito em 9 de novembro de 2022, após o segundo turno das eleições.
A investigação busca determinar se Ramagem agiu ilegalmente nos meses em que já não estava na direção da Abin. O Ministério Público Federal (MPF) aponta que Luciana solicitava ajuda relacionada a um inquérito policial federal em andamento, em unidades sensíveis da Polícia Federal.
Os investigadores sugerem que um “núcleo político” pode ter se valido de Ramagem para obter informações sigilosas. O MPF destaca que não seria um acontecimento isolado e notificou o Supremo Tribunal Federal (STF) sobre impressões realizadas por Ramagem em fevereiro de 2020, envolvendo inquéritos eleitorais da Polícia Federal no Rio de Janeiro.
Na segunda-feira (29), Carlos Bolsonaro foi alvo de uma operação da Polícia Federal que investiga desvios na Abin durante o governo de seu pai, Jair Bolsonaro. A busca e apreensão ocorreu em sua residência e na Câmara Municipal do Rio de Janeiro.
A operação faz parte das investigações da Operação Última Milha, que apontou a existência de um grupo criminoso usando a Abin para ações ilícitas. Os envolvidos podem responder por crimes como invasão de dispositivo informático, organização criminosa e interceptação de comunicações sem autorização judicial.
Na quinta-feira (25), o deputado federal Alexandre Ramagem foi alvo de busca e apreensão na mesma investigação, junto com o policial federal Felipe Arlotta Freitas, próximo de Ramagem.