O ex-número dois da Abin (Agência Brasileira de Inteligência) Alessandro Moretti afirmou que compartilhou com a Polícia Federal toda a documentação coletada e produzida pelo órgão com o esquema de espionagem ilegal. Ele, que foi demitido do cargo de diretor-adjunto nesta terça (30), ainda afirmou que iniciou uma “apuração interna” para investigar o uso da ferramenta FirstMile.
“Todo o material probatório coletado e produzido pela Abin foi compartilhado com a Polícia Federal, que também teve atendidas todas suas solicitações à agência. Por esta razão, grande parte do material que instrui o inquérito da PF é fruto da apuração conduzida com total independência na Abin”, afirmou Moretti em nota.
A demissão do ex-número dois da agência ocorreu após o presidente Lula dizer que não haveria “clima” para ele permanecer no órgão caso ficasse comprovado que ele favoreceu investigados pela Polícia Federal. A corporação apontou a existência de um possível “conluio” entre os membros da gestão anterior da Abin e os integrantes atuais.
“A preocupação de ‘exposição de documentos’ para segurança das operações de ‘inteligência’, em verdade, é o temor da progressão das investigações com a exposição das verdadeiras ações praticadas na estrutura paralela, anteriormente, existente na Abin”, diz relatório da PF enviado ao Supremo Tribunal Federal (STF).
Moretti ocupava o cargo desde março de 2023 e já havia atuado como secretário-executivo da Secretaria da Segurança Pública do Distrito Federal entre 2019 e 2021, na gestão de Anderson Torres, ex-ministro da Justiça no governo do ex-presidente Jair Bolsonaro.
Marco Cepik, atual diretor da Escola de Inteligência da Abin e homem de confiança do diretor-geral da agência, Luiz Fernando Corrêa, será o substituto de Moretti. Também foram dispensados quatro chefes dos departamentos internos da Abin e nomeados sete diretores, que ocuparão as chefias dos departamentos e de outras áreas.