Dezenas de incêndios florestais no Chile nos últimos dias provocaram pelo menos 64 mortes e várias pessoas seguem desaparecidas, segundo dados informados pelo governo neste domingo (02).
O presidente Gabriel Boric declarou estado de emergência nas regiões Central e Sul do Chile devido à catástrofe, favorecida por temperaturas de até 40 graus Celsius e um clima mais seco que o habitual.
Boric alertou que o número de mortos deve subir e prestou condolências aos familiares das vítimas. Ele designou mais unidades militares para combater os incêndios e pediu aos cidadãos que cooperassem com as equipes de emergência.
“Se você for orientado a sair de um local, não hesite em fazer isso”, disse o presidente. “As chamas estão avançando rápido e as condições climáticas tornam o controle difícil. Há temperaturas altas, ventos fortes e baixa umidade.”
He instruido al Ministerio de Defensa el despliegue de más unidades militares para enfrentar la emergencia y pido a la ciudadanía colaborar con los equipos: evacúen cuando se pida evacuar, no lo duden, faciliten el paso de brigadistas y bomberos y manténganse informados de las… pic.twitter.com/JndSNMUx8L
— Gabriel Boric Font (@GabrielBoric) February 3, 2024
No sábado, o governo contabilizou 143 focos de incêndio em todo o país, que cobriram uma área de 21 mil hectares, e pelo menos 1.100 casas destruídas.
Desastre em Viña del Mar
Nas colinas que cercam a cidade litorânea de Viña del Mar, ruas inteiras foram queimadas na noite de sábado. Milhares de pessoas que haviam deixado suas casas após uma ordem de evacuação só encontraram destroços queimados quando retornaram, e corpos cobertos por panos jaziam nas ruas. Uma espessa fumaça cinza pairava sobre a cidade.
Viña del Mar está localizada na região turística de Valparaíso e fica a cerca de uma hora e meia de carro da capital Santiago. É um destino de férias popular nos meses de verão. A prefeita Macarena Ripamonti falou de uma “catástrofe sem precedentes”. Nunca houve uma crise “dessa magnitude na região de Valparaíso”, disse.
Casas também foram destruídas pelas chamas nas cidades de Estrella e Navidad, no sudoeste da capital. Também ocorreram evacuações na cidade de Pichilemu, que é considerada um paraíso para o surfe.
Fotos de motoristas fugindo das chamas foram compartilhadas nas redes sociais, além de imagens de montanhas em chamas na rodovia Ruta 68, usadas por muitos turistas no verão.
Hospitais e casas de segurança evacuadas
“Estou aqui há 32 anos e nunca imaginei que isso fosse acontecer”, disse Rolando Fernández, um dos moradores da região de Viña del Mar que perdeu sua casa. Ele afirmou ter visto pela primeira vez o fogo queimando na sexta-feira em uma colina na próxima. Em 15 minutos, a área estava envolta em chamas e fumaça, forçando todos a correr para salvar suas vidas. “Trabalhei minha vida inteira e agora fiquei sem nada.”
Três abrigos foram montados na região de Valparaíso, e 19 presidentes e mais de 450 bombeiros foram enviados para a área. As chamadas na região forçaram a evacuação de quatro hospitais e três casas de repouso para idosos e destruíram dois terminais de ônibus.
O Chile e outros países do sul da América do Sul estão sofrendo com uma onda de calor há dias. Na Argentina, os bombeiros estão lutando contra um incêndio de grandes proporções desde o final de janeiro, que já destruiu mais de 3 mil hectares de terra no Parque Nacional Los Alerces. Na Colômbia, mais de 17 mil hectares de florestas foram destruídos em janeiro por incêndios.
De acordo com especialistas, o calor está ligado à previsão climática do El Niño , que se caracteriza pelo aquecimento das águas superficiais do Pacífico.
Originalmente publicado no Deutsche Welle
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