Ex-chefe do Exército enfrentou pressão bolsonarista por faltar em reunião golpista após morte da mãe

Atualizado em 10 de fevereiro de 2024 às 8:43
O General Marco Antônio Freire Gomes. Foto: Alan Santos/PR

O General Marco Antônio Freire Gomes, ex-chefe do Exército durante o governo do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), se afastou do cargo por uma semana em dezembro de 2022 devido ao falecimento de sua mãe, Maria Freire Gomes.

Durante sua ausência, aliados de Bolsonaro criticaram Freire Gomes, acusando-o de falta de firmeza por estar ausente de Brasília enquanto discussões sobre um possível golpe de Estado estavam em andamento.

Crise levou à renúncia

Segundo fontes militares entrevistadas pelo Folha de S.Paulo, a crise pessoal e o luto levaram Gomes a se retirar momentaneamente da cena política, o que posteriormente foi apresentado como motivo para sua renúncia antes da posse do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

Apesar das pressões bolsonaristas, a maioria do Alto Comando do Exército já se posicionava contra o golpe, posição que Freire Gomes comunicou ao ex-presidente e seus aliados.

Braga Netto. (Foto: Reprodução)

A crítica dos bolsonaristas a Freire Gomes foi intensa, com mensagens agressivas, como a de Braga Netto, que o chamou de “cagão” e culpou-o pela situação política.

“A culpa pelo que está acontecendo e acontecerá e [sic] do Gen Freire Gomes. Omissão e indecisão não cabem a um combatente”, escreveu o militar em mensagem encontrada pela PF.

A avaliação de integrantes da cúpula do Exército é a de que o comandante articulou nos bastidores contra a escalada golpista de Bolsonaro. Em oposição, investigadores da Polícia Federal (PF) avaliam se a decisão de Gomes em se manter em silêncio sobre os planos antidemocráticos que estavam sendo debatidos pode configurar omissão.

Recusa ao STM

Freire Gomes assumiu o comando em uma data simbólica, mas recusou um acordo prévio para se tornar ministro do STM (Superior Tribunal Militar), como é comum entre generais de quatro estrelas ao passarem para a reserva.

Durante seu período no comando, houve momentos de proximidade e distanciamento entre Gomes e Bolsonaro, com o general sendo criticado por sua postura crítica à imprensa e por permitir a presença de acampamentos golpistas sem resistência.

Após o retorno a Brasília, o militar foi convocado para reuniões semanais com o ex-chefe de Estado brasileiro, onde ouviu planos de golpe e viu uma minuta de decreto formulada pelo governo.

A pressão sobre Bolsonaro para tomar medidas mais extremas era grande, conforme evidenciado por uma mensagem de Mauro Cid a Freire Gomes, onde mencionava enxugamento de um decreto após pressões.

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