A mais recente ação da Polícia Federal nas investigações sobre os atos golpistas de 8/1, que resultaram na invasão e vandalismo das sedes dos três Poderes, revela avanços na identificação de financiadores e mentores da ação.
Decisões do Supremo Tribunal Federal (STF), pareceres da Procuradoria-Geral da República (PGR) e relatórios da PF apresentam evidências que contradizem a alegação de uma organização espontânea, defendida pelos investigados.
Na semana passada, a decisão do ministro Alexandre de Moraes, do STF, que autorizou a operação contra o ex-presidente Jair Bolsonaro e seus aliados, trouxe os indícios mais concretos até o momento de uma premeditação. As investigações apontam para o conhecimento prévio e o respaldo de indivíduos próximos ao então presidente.
Segundo as apurações, as ações partiram da “organização e apoio direto” do grupo ligado a Bolsonaro, suspeito de envolvimento na tentativa de subversão constitucional. Essa linha de investigação é sustentada por conversas e áudios obtidos pela PF.
Em uma dessas conversas, o major Rafael Martins de Oliveira, preso, solicita orientações ao tenente-coronel Mauro Cid, ex-auxiliar de Bolsonaro, sobre recursos financeiros para transportar pessoas do Rio de Janeiro a Brasília e locais para realizar manifestações. Essa conversa ocorreu dias antes de eventos bolsonaristas convocados em novembro de 2022.
O diálogo revela que Martins perguntou se deveria direcionar a manifestação para a Praça dos Três Poderes e questionou se as Forças Armadas permitiriam a presença de manifestantes nesses locais. Cid respondeu mencionando o Congresso Nacional e o Supremo Tribunal Federal (CN e STF), indicando consentimento das autoridades militares. A manifestação acabou ocorrendo em frente ao Quartel-General do Exército.
Em outra conversa, Cid solicitou uma estimativa de custos com hospedagem, alimentação e materiais. Ele mencionou a quantia de R$ 100 mil para trazer pessoas do Rio de Janeiro. Essa quantia seria destinada a um grupo de oficiais das Forças Especiais do Exército, os “kids pretos”, que teriam incitado as invasões das sedes dos três Poderes e direcionado a multidão.
Além disso, um áudio enviado por Cid no dia 16 de novembro reforçou o envolvimento de empresários do agronegócio. Na gravação, ele menciona que esses empresários financiaram carros de som em Brasília.
As investigações também apontam para a participação de empresários do setor logístico no financiamento de ônibus para levar manifestantes a Brasília e na orientação de movimentos golpistas.
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