O general Sérgio Tavares Carneiro, atual presidente do Clube Militar, é pai de Victor Carneiro, que sucedeu Alexandre Ramagem na direção da Abin e foi mencionado pelo ex-ministro e general Augusto Heleno em um suposto plano para infiltrar agentes do órgão nas campanhas adversárias de Jair Bolsonaro (PL) na eleição de 2022.
O Clube Militar optou por manter-se em silêncio frente às investigações sobre membros das Forças Armadas envolvidos em possíveis planos para um golpe de Estado, conforme apurado pela Polícia Federal (PF).
Diretores do Clube Militar, sob reserva, alegam diferentes motivos para essa decisão, desde incertezas sobre o impacto das mensagens do ex-ministro e general Walter Braga Netto até o parentesco do presidente do Clube com um ex-diretor da Abin implicado nas investigações, segundo informações da Folha de S.Paulo.
“Eu já conversei ontem com o Victor [Carneiro], novo diretor-[adjunto] da Abin, e nós vamos montar um esquema para acompanhar o que os dois lados estão fazendo. O problema todo disso é que se vazar qualquer coisa […], a gente se conhece nesse meio, se houver qualquer acusação de infiltração desses elementos da Abin […]”, disse Heleno durante a reunião de julho de 2022 cuja gravação foi obtida pela PF.
Bolsonaro interrompeu Heleno e pediu que ele parasse de falar. “Ô, general, eu peço que o senhor não fale, por favor. Não prossiga mais na tua observação aqui. Eu peço que não prossiga na tua observação”, afirmou, dizendo que eles conversariam em particular sobre “o que porventura a Abin está fazendo”.
Apesar das críticas à operação da PF, a maioria optou por não se manifestar sobre a investigação e seus impactos nas Forças Armadas. O general Paulo Chagas afirmou que é necessário saber mais sobre o ocorrido antes de tomar posição. Alguns, sob reserva, destacaram que as operações sucessivas da PF contra militares enfraquecem o Comando do Exército.
Além disso, uma nota falsa circulou nas redes sociais com a assinatura dos presidentes dos clubes na manhã de sexta-feira (9). O texto dizia que os militares não poderiam mais “tolerar a atuação ilegal e corrupta do Poder Judiciário” e que oficiais-generais que se “tornaram lacaios do crime devem compreender que não serão mais tolerados”.
O comunicado circulou em grupos de militares no WhatsApp e gerou reação entre diretores dos clubes. “Os presidentes do Clube Naval, do Clube Militar e do Clube da Aeronáutica reiteram se tratar de uma FAKE NEWS”, escreveram em nota oficial.
O senador e general Hamilton Mourão foi a voz mais crítica contra a operação, conclamando os comandantes das Forças Armadas a não se omitirem contra o que chamou de “condução arbitrária de processos ilegais”. Após repercussão negativa, Mourão divulgou nota, esclarecendo que não incitou os chefes militares a nenhuma ruptura institucional.
O Clube Militar, formado por oficiais da reserva, atua como uma associação responsável por administrar clubes recreativos para militares e familiares. Além disso, procura ser um fórum de discussões dos grandes temas nacionais, buscando soluções para os problemas brasileiros.
Devido à restrição de pronunciamento dos militares da ativa sobre temas político-partidários, o Clube Militar tenta assumir o papel de porta-voz dos homens de farda nessas questões.
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