Braga Netto orientou ataques a comandante do Exército e Pazuello atuou em trama golpista, diz PF

Atualizado em 15 de fevereiro de 2024 às 8:39
Braga Netto, Jair Bolsonaro e Eduardo Pazuello. Foto: Marcelo Camargo

O relatório da Polícia Federal (PF) que fundamentou a mais recente operação sobre a tentativa de golpe de Estado destaca a participação do ex-ministro da Defesa, Braga Netto, que teria incentivado bolsonaristas a atacarem o general Tomás Paiva, atual comandante do Exército, em dezembro de 2022, segundo informações da Folha de S.Paulo

O documento também revela a atuação do ex-ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, na trama golpista, afirmando que a investigação reuniu dados que “comprovam” que o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) “analisou e alterou” uma minuta de decreto que determinava o rompimento constitucional.

Mensagens apreendidas pela PF mostram que, em 17 de dezembro de 2022, Braga Netto tentou vincular Paiva ao PT, orientando ataques para atingir a reputação do general. O objetivo era pressionar oficiais do alto escalão a apoiarem a empreitada que visava manter o grupo no poder e impedir a posse de Luiz Inácio Lula da Silva.

“Parece até que ele é PT desde pequeninho”, escreveu Braga Netto sobre Paiva. “Nunca valeu nada”, acrescentou. Ainda em referência ao atual comandante, o ex-ministro disse que “a ambição derrota o caráter dos fracos… Aliás, revela”. A troca de mensagens termina com um pedido ao interlocutor. “Pode viralizar”.

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Lula e general Tomás Paiva. Foto: reprodução

O relatório também reuniu indícios de que Pazuello, mesmo não sendo alvo da última operação, foi um dos aliados de Bolsonaro a favor da ruptura constitucional.

Um áudio gravado em 8 de novembro de 2022, no qual o tenente-coronel Mauro Cid relata que Bolsonaro estava sendo pressionado para uma ruptura institucional, indicou a atuação de Pazuello nesse sentido. A PF afirma que essa gravação endereçada “aparentemente” a Freire Gomes demonstra a atuação de Pazuello na proposta de ruptura constitucional.

“O cenário apresentado por Mauro Cid ao general Freire Gomes, na data de 08 de novembro de 2022, já demonstra uma atuação do atual deputado federal, o general Eduardo Pazuello, no sentido de propor uma ruptura constitucional, com fundamento em uma interpretação anômala do art. 142 da Constituição Federal”, afirma a PF.

Desde antes das eleições, grupos bolsonaristas disseminaram a ideia de que o artigo 142 da Constituição poderia ser usado para rejeitar o novo governo, interpretando-o como uma autorização para intervenção militar.

Dados do Gabinete de Segurança Institucional confirmam a presença de Pazuello no Palácio da Alvorada em 7 de novembro de 2022, onde teria apresentado a proposta a Bolsonaro. Cid, em sua delação, afirmou que Pazuello integrava o grupo que buscava reverter o resultado das eleições.

A operação, autorizada pelo ministro Alexandre de Moraes do STF, já havia revelado elementos da ação de Braga Netto, incluindo ataques ao comandante da Aeronáutica, Baptista Júnior, e ofensas ao então comandante do Exército, Marco Antônio Freire Gomes. O Clube Militar, formado por oficiais da reserva, busca se posicionar como porta-voz dos militares nessas questões políticas.

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