Cid atualizava general Freire Gomes sobre andar da trama golpista, diz PF

Atualizado em 16 de fevereiro de 2024 às 9:33
Mauro Cid e o ex-comandante do Exército e general da reserva Marco Antônio Freire Gomes. Foto: reprodução

Diálogos obtidos pela Polícia Federal no âmbito da Operação Tempus Veritatis, que investiga o plano golpista para reverter a vitória de Lula nas eleições de 2022, apontam uma estreita relação entre o então comandante do Exército, Marco Antônio Freire Gomes, e o tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro (PL). Esses diálogos, realizados por meio de um aplicativo institucional da Força militar, evidenciam o compartilhamento de informações sobre os planos golpistas ao longo de 31 dias.

Segundo a jornalista Malu Gaspar, do jornal O Globo, a PF cita cinco áudios encaminhados por Mauro Cid a um contato identificado como sendo do general Freire Gomes, indicando que as mensagens eram destinadas ao então comandante do Exército.

Essas conversas incluem detalhes das tratativas golpistas, como a decisão de Bolsonaro de simplificar um decreto que previa a prisão de autoridades, como o ministro Alexandre de Moraes.

O ex-ajudante de ordens relatou ao general o teor das reuniões e os ajustes nos planos, como a exclusão de determinadas autoridades da lista de prisão. Além disso, Mauro Cid mencionou a preocupação de Bolsonaro com as possíveis consequências do fracasso do plano golpista.

Jair Bolsonaro e Freire Gomes. Foto: reprodução

Os registros revelam que Bolsonaro chegou a apresentar uma minuta de decreto aos comandantes militares para sondar a receptividade às ações golpistas. O áudio enviado por Mauro Cid, dois minutos após a apresentação da minuta, indicou as modificações realizadas por Bolsonaro no texto original.

“Hoje o que ele [Bolsonaro] fez de manhã? Ele enxugou o decreto, né? Aqueles considerandos [sic] que o senhor viu e enxugou o decreto, fez um decreto muito mais, é… Resumido, não é?”, disse Mauro Cid no áudio enviado ao celular que a PF diz ser de Freire Gomes, em 9 de dezembro.

Apesar de não especificar se Freire Gomes respondeu às mensagens, os registros sugerem uma interação contínua entre os dois, incluindo momentos de comemoração por decisões favoráveis aos bolsonaristas, como a divulgação de uma carta conjunta dos comandantes das Forças Armadas que defendia a legitimidade das manifestações.

A PF pretende convocar o ex-comandante para esclarecer o teor das conversas com Bolsonaro, pois não descarta a possibilidade de omissão diante do plano golpista. Até o momento, Freire Gomes optou por manter silêncio, apesar dos pedidos para esclarecer os diálogos.

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