Auxiliares do presidente Lula e membros do Palácio do Planalto e do Itamaraty avaliam que a declaração do petista “não foi um deslize”, mas uma forma de tentar elevar a pressão internacional sobre Israel. O petista gerou uma crise com o governo israelense ao comparar os ataques à Faixa de Gaza ao extermínio de judeus por Adolf Hitler.
Segundo integrantes do governo, há uma preocupação do presidente com o plano de Israel de intensificar os ataques em Rafah, na fronteira com o Egito. Um ministro que esteve com Lula na manhã desta segunda (19) afirmou que não há chances de retratação.
Auxiliares descartam o pedido de desculpas porque avaliam que o presidente tem uma posição muito firme sobre o que está acontecendo em Gaza e acreditam que a situação pode piorar com uma possível ofensiva terrestre sobre Rafah.
Assessores do Ministério das Relações Exteriores aponta, com base em informações repassadas pela ONU (Organização das Nações Unidas), que o ataque deve acabar com as condições de vida na região. Há uma percepção de que a declaração do ministro das Relações Exteriores de Israel, Israel Katz, de que Lula é “persona non grata”, é uma forma de tirar o foco dos ataques contra Rafah.
A crise entre os governos do Brasil e de Israel começou após uma declaração de Lula na 37ª cúpula da União Africana neste domingo (18), na Etiópia. “O que está acontecendo na Faixa de Gaza com o povo palestino não existiu em nenhum outro momento histórico. Aliás, existiu. Quando Hitler resolveu matar os judeus”, afirmou na ocasião.
O primeiro-ministro israelense Benjamin Netanyahu reagiu à fala e atacou o presidente. “As palavras do presidente do Brasil são vergonhosas e graves. Trata-se de banalizar o Holocausto e de tentar prejudicar o povo judeu e o direito de Israel se defender”, escreveu.
Lula teve uma reunião de emergência com o assessor Celso Amorim e ministros nesta segunda (19). O petista e seus auxiliares acreditam que as respostas israelenses são uma forma de “escalar” a crise.