Membros do alto escalão do governo Lula (PT) estão avaliando a possibilidade de a permanência do embaixador de Israel no Brasil, Daniel Zonshine, se tornar “insustentável”, e afirmam que a continuidade da relação dependerá das ações do diplomata nas próximas semanas, conforme informações do colunista Jamil Chade, do UOL
O embaixador gerou desconforto no Itamaraty e no Palácio do Planalto ao se reunir com o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) no final de 2023.
Agora, ele está sendo convidado a participar da manifestação convocada pelo ex-capitão em 25 de fevereiro, em São Paulo. O evento é uma tentativa de Bolsonaro demonstrar sua força diante das investigações e suspeitas de que seu governo agiu contra o Estado de Direito.
Na última segunda-feira (19), Zonshine foi convocado pelo Itamaraty para uma reunião fechada — um gesto que, na diplomacia, representa um protesto.
Isso ocorreu depois que o embaixador brasileiro em Israel, Frederico Meyer, foi convocado pelo governo de Benjamin Netanyahu. Na perspectiva do Itamaraty, Meyer foi humilhado. Como medida temporária, o governo brasileiro optou por retirá-lo de Tel Aviv.
A crise teve início após o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) comparar a guerra em Gaza aos atos nazistas durante a Segunda Guerra Mundial. Israel declarou Lula como “persona non grata” e exige um pedido de desculpas.
Agora, entre os membros do Executivo, há preocupação com a relação dos principais atores israelenses com os movimentos bolsonaristas.
Outra consideração é o impacto caso o Brasil solicite a Israel a substituição do embaixador no país. Algumas fontes em Brasília acreditam que isso poderia ser explorado pela extrema-direita mundial e por opositores do presidente Lula.
O Itamaraty deixou claro que responderá “com diplomacia, mas com toda a firmeza, a qualquer ataque que receber”.
Vale destacar que o governo Lula está avaliando a possibilidade de expulsar o embaixador como parte da resposta à crise diplomática entre os dois países.
Essa medida, considerada “drástica” e “indesejável” pelo Itamaraty, foi discutida em uma reunião entre o presidente Lula e o assessor especial Celso Amorim no Palácio da Alvorada na segunda-feira (19).
Apesar da resistência do Itamaraty à ideia, a expulsão do embaixador é considerada uma opção a ser considerada caso a crise com Israel se agrave.