“13ª Vara de Curitiba movimentou somas que podem ir a R$ 10 bilhões”, diz Gilmar Mendes

Atualizado em 22 de fevereiro de 2024 às 8:50
Ministro do STF Gilmar Mendes. Foto: reprodução

O ministro Gilmar Mendes, decano do Supremo Tribunal Federal (STF), além de comentar as irregularidades cometidas pela Lava Jato, afirmou, em entrevista ao site Brazil Journal, que a 13ª Vara de Curitiba movimentou somas que podem ir a R$ 10 bilhões:

(…) O senhor vê interferência do governo americano, uma vez que algumas empresas fecharam acordos de leniência com o Departamento de Justiça dos EUA?

O que a gente vê, e está muito presente nas informações que temos, é essa troca de informações, que passou a ser informal, entre Curitiba e setores do governo americano. Uma das queixas é que isso não passava pelo órgão do Ministério da Justiça incumbido dessa função, o Departamento de Recuperação de Ativos e Cooperação Jurídica Internacional (DRCI).

Este fato integra as alegações do ministro Toffoli quando decidiu suspender os acordos de leniência?

Exatamente. O ministro Ricardo Lewandowski já tinha levantado essa questão. Quis saber também por que essas pessoas vinham para Curitiba e lá ficavam morando.

Que pessoas?

Esses americanos ligados a órgãos do governo americano, como o DOJ e coisas do tipo. Isso precisa ser aprofundado. O nosso aparato de Justiça, os órgãos de corregedoria, que são acoplados ao STJ, e o Conselho da Justiça Federal, que funciona lá e é quem administra a Justiça Federal, falharam muito.

E por que falharam?

Para ser considerada ruim, essa coordenação precisaria ter melhorado muito! Ela foi um desastre! Porque se assistiu a isso sem nada fazer. Agora, está se encerrando esses dias o trabalho de correição feito lá na 13ª Vara Federal, em Curitiba, um trabalho do ministro Luís Felipe Salomão, do STJ.

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O ministro Gilmar Mendes. Foto: reprodução

O que foi descoberto?

Que a 13ª Vara teria movimentado somas que podem ir a R$ 10 bilhões.

E onde está esse dinheiro?

Esta é a grande pergunta. Eles mandavam dinheiro para a Polícia Federal, por exemplo.

Por quê e com qual objetivo?

A PF estava atrasada com a conta de luz: eles mandavam dinheiro para pagar.

Isso não fere os regulamentos legais da conta única do Tesouro?

Todas as regras dos códigos de contabilidade do setor público foram violadas. É nesse contexto que entra essa tal fundação Dallagnol. Aqui, me parece que há uma falha geral. É como se nós estivéssemos lidando não com um outro poder, mas com um outro Estado. (…)

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