O ministro Gilmar Mendes, decano do Supremo Tribunal Federal (STF), além de comentar as irregularidades cometidas pela Lava Jato, afirmou, em entrevista ao site Brazil Journal, que a 13ª Vara de Curitiba movimentou somas que podem ir a R$ 10 bilhões:
(…) O senhor vê interferência do governo americano, uma vez que algumas empresas fecharam acordos de leniência com o Departamento de Justiça dos EUA?
O que a gente vê, e está muito presente nas informações que temos, é essa troca de informações, que passou a ser informal, entre Curitiba e setores do governo americano. Uma das queixas é que isso não passava pelo órgão do Ministério da Justiça incumbido dessa função, o Departamento de Recuperação de Ativos e Cooperação Jurídica Internacional (DRCI).
Este fato integra as alegações do ministro Toffoli quando decidiu suspender os acordos de leniência?
Exatamente. O ministro Ricardo Lewandowski já tinha levantado essa questão. Quis saber também por que essas pessoas vinham para Curitiba e lá ficavam morando.
Que pessoas?
Esses americanos ligados a órgãos do governo americano, como o DOJ e coisas do tipo. Isso precisa ser aprofundado. O nosso aparato de Justiça, os órgãos de corregedoria, que são acoplados ao STJ, e o Conselho da Justiça Federal, que funciona lá e é quem administra a Justiça Federal, falharam muito.
E por que falharam?
Para ser considerada ruim, essa coordenação precisaria ter melhorado muito! Ela foi um desastre! Porque se assistiu a isso sem nada fazer. Agora, está se encerrando esses dias o trabalho de correição feito lá na 13ª Vara Federal, em Curitiba, um trabalho do ministro Luís Felipe Salomão, do STJ.
O que foi descoberto?
Que a 13ª Vara teria movimentado somas que podem ir a R$ 10 bilhões.
E onde está esse dinheiro?
Esta é a grande pergunta. Eles mandavam dinheiro para a Polícia Federal, por exemplo.
Por quê e com qual objetivo?
A PF estava atrasada com a conta de luz: eles mandavam dinheiro para pagar.
Isso não fere os regulamentos legais da conta única do Tesouro?
Todas as regras dos códigos de contabilidade do setor público foram violadas. É nesse contexto que entra essa tal fundação Dallagnol. Aqui, me parece que há uma falha geral. É como se nós estivéssemos lidando não com um outro poder, mas com um outro Estado. (…)