Durante o ato convocado pelo ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) na Avenida Paulista (SP), dois de seus aliados desempenharam o papel de fiadores junto aos ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) para assegurar que o ex-capitão não realizaria ataques diretos aos membros da corte.
O governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, e o ex-secretário de Comunicação da Presidência e advogado de Bolsonaro, Fábio Wajngarten, tranquilizaram os ministros garantindo que o discurso de Bolsonaro não repetiria os arroubos dos anos anteriores, conforme informações da colunista Bela Megale, do Globo.
Até mesmo Alexandre de Moraes, anteriormente atacado nominalmente por Bolsonaro, recebeu garantias de que o ex-presidente estava sob controle. Durante um encontro na sexta-feira, Tarcísio conversou ao pé do ouvido com Moraes, com o assunto do ato de domingo até mesmo se tornando tema de brincadeira entre eles.
A promessa foi cumprida, pois Bolsonaro tinha plena consciência de que qualquer deslize verbal poderia resultar em sua prisão ou agravar ainda mais sua situação na Justiça.
No entanto, entre os organizadores do ato, a maior preocupação estava nas falas do pastor Silas Malafaia, que já indicava possíveis ataques ao Judiciário e a Moraes.
Diante dessa situação, aliados de Bolsonaro intervieram para convencê-lo a pedir ao pastor que moderasse o tom ou até mesmo desistisse de falar no trio elétrico durante a manifestação. Apesar das pressões, o ex-mandatário resistiu em fazer tal pedido.
Vale destacar também que Bolsonaro proferiu uma declaração que pode complicar sua situação no inquérito que investiga sua suposta participação no planejamento de um golpe de Estado. A fala foi interpretada pelos investigadores da Polícia Federal (PF) como uma confirmação de que ele tinha conhecimento da minuta do golpe.
“Agora, o golpe é porque tem uma minuta de um decreto de estado de defesa. Golpe usando a Constituição? Tenham santa paciência. Golpe usando a Constituição”, disse o ex-chefe do Executivo.
Policiais federais envolvidos na investigação afirmaram que, embora Bolsonaro tivesse a intenção de sustentar que não houve tentativa de golpe, ele admitiu a existência de uma minuta. A transcrição da fala será incluída no inquérito.
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