Darci Alves Pereira, réu confesso condenado em 1990 a 19 anos de prisão pelo assassinato do ambientalista Chico Mendes, optou por uma nova identidade no interior do Pará, apresentando-se como “Pastor Daniel” para evitar associações com seu passado criminoso.
Ele assumiu o cargo de presidente do Partido Liberal (PL) de Medicilândia, interior do estado, mas, após a repercussão negativa, Valdemar Costa Neto, presidente nacional do partido, recomendou seu afastamento do comando do diretório.
Com aspirações políticas, Darci se apresenta como pré-candidato a vereador na cidade paraense, onde é pecuarista e agricultor há mais de 30 anos. Em seu perfil público, destaca-se como “esposo, pai, avô, servo de Deus e político”, ressaltando sua associação com o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), do mesmo partido.
O empresário mantém uma fazenda produtora de cacau e gado em Medicilândia, seguindo os passos de sua família no Acre antes do crime, conforme informações do jornal O Globo. Seu mandato como presidente do PL de Medicilândia, iniciado em novembro, teve a cerimônia de posse realizada em janeiro deste ano.
O evento ocorreu na Câmara de Vereadores da cidade e contou com a presença do deputado estadual Rogério Barra, secretário-executivo da sigla no Pará e afilhado político de Darci.
Em uma entrevista ao G1 em 2013, Darly Alves, pai de Darci, afirmou ser vítima de injustiças sobre o caso Chico Mendes, criticando as acusações sem base e ressaltando a falta de conhecimento da imprensa sobre o assunto.
“As pessoas me chamam de assassino, mandante. Repórter não sabe de coisa nenhuma, só ouviu falar, e para saber de algum negócio, você tem que ler o processo ou ser testemunha. Chamam minha família de perigosa, acusando as pessoas sem saber”, criticou ao relutar em conversar com a imprensa.
Questionado sobre a relação com Darci, o fazendeiro o defendeu e contou que ele deixou o passado para trás: “O Darci é uma pessoa abençoada de Deus e por toda a vida foi uma pessoa direita, nunca brigou com ninguém. Tem uma família muito boa, as filhas dele estão em Brasília estudando Direito. Ele nem fala nisso aí, não dá entrevista, não fala de crime. Para ele isso acabou. Ninguém diz que ele é o homem que falaram que fez aquilo”.
O crime
Chico Mendes foi morto com um tiro no peito em dezembro de 1988, no quintal de sua casa em Xapuri (AC). Dois anos depois, Darci e seu pai, Darly Alves da Silva, confessaram o crime e foram condenados a 19 anos de prisão como executor e mandante do crime, respectivamente.
Eles foram presos na penitenciária Francisco de Oliveira Conde, em Rio Branco (AC), e fugiram em 1993, passando três anos foragidos. A Polícia Federal recapturou pai e filho em 1996, e os dois foram levados ao complexo penitenciário de segurança máxima da Papuda, em Brasília.
Três anos depois, Darly conquistou o direito de cumprir pena em prisão domiciliar após alegar problemas de saúde e o filho foi para o regime semiaberto por bom comportamento.