O Alto Comando do Exército acredita que a Força foi beneficiada pelo depoimento do ex-comandante Marco Antônio Freire Gomes à Polícia Federal no inquérito que apura tentativa de golpe de Estado. Para generais, seu interrogatório ajuda a “aliviar” as suspeitas sobre um movimento golpista na cúpula. A informação é da coluna de Bela Megale no jornal O Globo.
À PF, o general afirmou que participou da reunião em que o ex-presidente Jair Bolsonaro discutiu minutas golpistas, mas relatou que se opôs ao plano. Sua declaração segue a delação do tenente-coronel de Mauro Cid, que disse que o único que aceitou embarcar na trama golpista foi Almir Garnier, então comandante da Marinha.
Para o Alto Comando, os depoimentos ajudam a mostrar que, apesar de pressões externas, as Forças não abraçaram a iniciativa golpista. Generais da ativa ainda avaliam que Freire Gomes mostrou que o comando do Exército estava comprometido em trabalhar com a transição para o governo Lula.
Apesar de ser bem visto pelo Alto Comando do Exército, o depoimento de Freire Gomes é o que mais gera medo ao ex-presidente. Ele acredita que pode se afastar ainda mais da caserna e perder o apoio de militares.
O ex-comandante do Exército implicou diretamente o ex-ministro da Defesa Paulo Sérgio Nogueira, que tem sido blindado pela caserna, e Bolsonaro na trama golpista. Os generais Walter Braga Netto e Augusto Heleno, no entanto, têm sido abandonados pela Força.
Para o Alto Comando, os ex-ministros do Gabinete de Segurança Institucional (GSI) e da Casa Civil foram excessivamente subservientes a Bolsonaro.