Chipre alerta para riscos em rota marítima de ajuda a Gaza

Atualizado em 9 de março de 2024 às 19:23
Navio Open Arms, atracado no porto de Larnaca, Chipre, aguardando a partida para a Faixa de GazaFoto: Marcos Andronicou/AP/dpa/picture alliance

O governo do Chipre confirmou neste sábado (09/03) que o primeiro navio transportando ajuda humanitária para Gaza, da ONG espanhola Open Arms, poderia deixar a ilha neste fim de semana, mas advertiu que há questões a serem esclarecidas e que incidentes de segurança não podem ser descartados, já que se trata de uma “zona de guerra”.

A criação do corredor marítimo de ajuda humanitária à Faixa de Gaza a partir do Chipre foi anunciada nesta sexta-feira pela presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, como parte dos esforços internacionais para trazer alívio à crise no enclave palestino.

O anúncio foi feito um dia depois de o presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, ordenar as Forças Armadas americanas a facilitarem a construção de um porto temporário em Gaza para permitir a entrega de alimentos.

Os envios aéreos organizados pelos EUA não têm sido suficientes para abastecer a população de 2,2 milhões, ameaçada pela fome e por uma grave escassez de recursos após cinco meses do

“Há muitos elementos, então ninguém pode dizer que não há problemas, porque estamos nos movendo em uma zona de guerra”, disse o ministro das Relações Exteriores do Chipre, Constantinos Kombos, respondendo a pergunta da agência de notícias CNA sobre se Israel deu garantias de segurança para a chegada da ajuda por mar. Kombos anunciou em dezembro, junto com seu colega israelense Eli Cohen, a abertura de um corredor marítimo humanitário a partir da ilha.

Constantinos Kombos. Foto: Reprodução

Possíveis entraves

Kombos observou que pode haver incidentes que afetassem o lançamento do corredor, “seja em Gaza, em Israel ou na fronteira libanesa”, ou que até mesmo as condições climáticas poderiam causar problemas. “Pode haver ações maliciosas por parte de algumas pessoas”, disse ele, alertando que “há muitas coisas que não podem ser previstas”.

Kombos insistiu que o plano é que o corredor marítimo seja aberto neste fim de semana, conforme anunciado por Ursula von der Leyen, mas também que há uma necessidade de equilibrar velocidade com eficiência. A mídia local informa que membros das forças de segurança israelenses estão inspecionando a carga no porto cipriota de Larnaca, onde o navio espanhol está ancorado. “Nosso rebocador está pronto para zarpar a qualquer momento, com toneladas de alimentos, água e produtos essenciais a bordo para a população civil palestina”, escreveu a Open Arms no X.

O navio deve percorrer aproximadamente 400 quilômetros para entregar os alimentos – farinha, arroz e latas de atum – na Faixa de Gaza, onde serão distribuídos por equipes em terra da World Central Kitchen, a ONG fundada pelo renomado chef espanhol José Andrés. Outros navios seguirão seu rastro, como o anunciado neste sábado pelo presidente turco, Recep Tayyip Erdogan, que transportará 3 mil toneladas de ajuda.

Originalmente publicado em DW

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