Após permanecer em silêncio durante seu interrogatório na Polícia Federal, o tenente-coronel do Exército Brasileiro, Ronald Ferreira de Araújo Júnior, solicitou ao Supremo Tribunal Federal (STF) a marcação de um novo depoimento. Araújo é investigado por suposta participação em uma organização bolsonarista envolvida na elaboração de um decreto de golpe de Estado.
Lotado no Centro de Comunicação do Exército, Araújo foi um dos alvos de uma operação da PF que também envolveu o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), ex-ministros e ex-assessores. A investigação apura tentativa de golpe de Estado e invalidação das eleições de 2022, vencidas por Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
Em comunicado, os advogados João Carlos Dalmagro e Lissandro Sampaio afirmaram que “seria importante esclarecer questionamentos sobre a relação de Araújo Júnior com Mauro Cid e os demais investigados”. Eles ressaltaram a negativa do tenente-coronel em qualquer envolvimento com planos de abolição do estado democrático de Direito.
Segundo o inquérito, o tenente-coronel teria recebido um arquivo em PDF de Cid contendo informações sobre ações do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) e do Supremo Tribunal Federal (STF) desfavoráveis a Bolsonaro. Esse documento seria parte de uma “minuta de decretação do estado de exceção” para reverter a ordem jurídica do país.
A defesa de Araújo enfatizou sua trajetória como militar, destacando sua dedicação ao Exército Brasileiro sem envolvimento político. Eles reiteraram que o tenente-coronel nunca questionou eleições, candidatos ou decisões políticas.
Outro investigado, Marcelo Costa Câmara, ex-assessor de Bolsonaro, também solicitou um novo depoimento à PF após permanecer em silêncio. Seu advogado, Luiz Eduardo Kuntz, explicou que a intenção é que Câmara contribua com a investigação e esclareça todos os fatos.
A PF aponta que Câmara teria integrado um núcleo responsável por monitorar a agenda e o deslocamento do ministro do STF Alexandre de Moraes, visando sua captura após a assinatura de um decreto de golpe de Estado.