Como ex-chefes das Forças Armadas implicaram Bolsonaro em trama golpista

Atualizado em 15 de março de 2024 às 16:01
O ex-presidente Jair Bolsonaro e os ex-comandantes das Forças Armadas. Foto: Isac Nóbrega/PR

Os depoimentos dos ex-comandantes Marco Antônio Freire Gomes, do Exército, e de Carlos Baptista Junior, da Aeronáutica, implicaram diretamente o ex-presidente Jair Bolsonaro na trama golpista. Segundo os interrogatórios dos ex-chefes das Forças Armadas, ele não só sabia das minutas que previam golpe de Estado como discutiu sobre os documentos com militares.

As informações prestadas por Freire Gomes e Baptista Júnior também complicam a estratégia de defesa de Bolsonaro, que alegou não ter conhecimento sobre as minutas golpistas. “Nunca chegou a mim nenhum documento de minuta de golpe, nem nunca assinei nada relacionado a isso. Até porque ninguém dá ‘golpe’ com papel”, afirmou Bolsonaro em fevereiro deste ano.

Segundo o general Freire Gomes, o ex-presidente promoveu uma reunião com os comandantes militares e discutiu sobre a minuta de decreto golpista, que previa instaurar um estado de defesa no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) e “apurar a conformidade e legalidade do processo eleitoral” de 2022.

Na ocasião, de acordo com o general, Bolsonaro chamou o documento de “estudo” e afirmou que “reportaria a evolução aos comandantes”. Ele ainda relatou que, uma semana depois da apresentação do documento inicial, o então mandatário fez uma nova reunião e apresentou uma nova versão do texto, semelhante ao que foi encontrado na casa de Anderson Torres, ex-ministro da Justiça.

O ex-comandante da Marinha, almirante Almir Garnier Santos; o ex-presidente Jair Bolsonaro, e o ex-ministro da Defesa, Paulo Sérgio. Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil

Nesta segunda reunião estavam presentes, além de Freire Gomes, o ex-comandante da Marinha, almirante Almir Garnier; o ex-ministro da Defesa, Paulo Sérgio Nogueira; e o ex-comandante da Aeronáutica, Carlos Baptista Júnior, que também prestou depoimento e implicou Bolsonaro na trama golpista.

Segundo o ex-chefe da Aeronáutica, Bolsonaro fazia reuniões e “apresentava a hipótese de utilização da Garantia da Lei e da Ordem – GLO e outros institutos jurídicos mais complexos, como a decretação do Estado de Defesa, para solucionar uma possível ‘crise institucional'”.

Ele diz que esses encontros ocorreram a partir de novembro de 2022, após a derrota de Bolsonaro na disputa eleitoral. Baptista ainda relatou que Freire Gomes ameaçou prender o ex-presidente caso “tentasse” um golpe de Estado.

O almirante Almir Garnier, ex-comandante da Marinha, foi o único a aderir ao plano golpista de Bolsonaro, segundo Mauro Cid, ex-ajudante de ordens. Em sua delação, o tenente-coronel afirmou que ele prometeu “que sua tropa estaria pronta para aderir a um chamamento do então presidente”.

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