Bolsonarista espalha fake news ao acusar Lewandowski de diálogo com facção criminosa

Atualizado em 15 de março de 2024 às 21:56
Montagem de fotos de Gustavo Gayer e Ricardo Lewandowski, ambos sérios e falando
Gustavo Gayer e Ricardo Lewandowski – Reprodução

O deputado federal Gustavo Gayer (PL) gravou um vídeo acusando o ministro da Justiça e Segurança Pública, Ricardo Lewandowski, de dialogar com o Comando Vermelho. A fake news espalhada pelo político bolsonarista veio depois que uma repórter afirmou, com base em uma declaração fora de contexto, que o magistrado disse que a facção criminosa estava colaborando com o governo em uma ação.

“No Brasil, nós temos o Ministério da Justiça, que deveria lutar contra o crime organizado, que deveria lutar contra o crime em si”, disse o parlamentar bolsonarista. “Pelo que eu entendi, o nosso ministro da Justiça, que é um ex-ministro do STF, recebe informações do Comando Vermelho. Ele conversa, ele dialoga com uma facção criminosa responsável por tráfico de drogas, por sequestro, por roubo, pelos piores crimes da humanidade”.

“Ele recebe informação do Comando Vermelho na busca pelos fugitivos de um presídio de segurança máxima? Então, a nossa segurança pública é informada pelo crime sobre o crime? É isso mesmo, produção? A nossa segurança pública recebe informações de facções criminosas para lutar contra o crime?”.

Na quarta-feira, a informação falsa foi passada de forma equivocada por um canal de TV local de Mossoró, no Rio Grande do Norte, durante uma reportagem sobre a fuga dos dois detentos do presídio federal. Na matéria, uma jornalista tirou uma fala de Lewandowski de contexto.

“Além da ajuda da Polícia Penal, Rodoviária Federal, o ministro falou que eles também estão recebendo informações do Comando Vermelho, que seria a facção que os dois fugitivos tinham ligação. O Comando Vermelho também estaria ajudando as forças de segurança”, disse a profissional do TCM 10.

Questionado pela imprensa sobre a ajuda de facções criminosas aos fugitivos, o ministro da Justiça respondeu o seguinte: “Um dos bônus dessa operação foi justamente identificar os elementos dessa organização criminosa que está colaborando (com a fuga dos presos), alguns inclusive de outros estados (…) Isso é fruto da colaboração, não só de agentes da Polícia Federal de outros estados, mas também de todas as forças de segurança”.

Com o impulsionamento que a mentira ganhou após apoiadores do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) compartilharem o vídeo da reportagem, a repórter Isaiana Santos pediu desculpas ao vivo na quinta-feira (15) e admitiu o erro.

“Estou aqui para fazer essa correção, sobre a informação que eu trouxe ontem, logo após a coletiva de imprensa. Durante a apuração, eu acabei me equivocando, disse que o Ministério da Justiça estaria recebendo informações do Comando Vermelho. Esta informação está errada”, assumiu.

A jornalista completou: “Por isso, eu estou chegando aqui, até para pedir desculpa para você que está em casa e acredita no nosso jornalismo. O ministro não disse que estava recebendo informações do Comando Vermelho, ele falava sobre essa integração das forças de segurança, que estão atuando nas buscas”.

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