No depoimento prestado à Polícia Federal, o ex-comandante da Aeronáutica, Carlos de Almeida Baptista Junior, revelou que Jair Bolsonaro demonstrava inquietação ao ser informado sobre a recusa em adotar medidas de exceção para prolongar seu mandato além de 31 de dezembro de 2022.
De acordo com a investigação das autoridades, havia um plano em curso com anuência do ex-presidente para evitar que Lula chegasse ao poder após ganhar as eleições de outubro daquele mesmo ano.
Nessa ocasião, ocorreu uma reunião com Bolsonaro e os comandantes do Exército e da Marinha. Nela, qual o então ministro Anderson Torres discutiu aspectos jurídicos que poderiam justificar tais medidas para impedir a posse de Lula, como a Garantia da Lei e da Ordem (GLO) e o Estado de Defesa.
Batista Junior corroborou que Freire Gomes, então comandante do Exército, também tentou dissuadir Bolsonaro de prosseguir com esse plano durante a mesma reunião, que aconteceu após o segundo turno das eleições.
Os depoimentos à PF, agora liberados do sigilo por Alexandre de Moraes, lançam luz sobre os detalhes da conduta de Bolsonaro e seu envolvimento em uma possível trama golpista. Esses relatos reforçam os contornos e a profundidade da participação do presidente na discussão de medidas antidemocráticas.
A revelação das preocupações expressas pelos comandantes militares e pelo ex-ministro da Justiça oferece elementos adicionais para avaliar a postura de Bolsonaro em relação à democracia e às instituições.
A documentação liberada contribui para um entendimento mais claro dos eventos que envolvem o período após as eleições de 2022 e as tentativas de contestação do resultado eleitoral. As informações são do colunista Lauro Jardim, do jornal O Globo.