Ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) apontam que existe uma relação entre o esquema de fraude em cartões de vacinação e a trama golpista para manter o ex-presidente Jair Bolsonaro no poder. Ele foi indiciado, junto de outras 16 pessoas, pela Polícia Federal na investigação que apura a inserção de dados falsos de imunização em sistemas do governo.
Segundo a apuração da Polícia Federal, o registro falso de vacinação de Bolsonaro contra Covid foi inserido nos sistemas oficiais do governo em 21 de dezembro de 2022. Nove dias depois, em 30 de dezembro, o então presidente viajou para os Estados Unidos.
Para ministros da Corte, a data da inclusão dos dados falsos deixa claro que Bolsonaro sabia que as Forças Armadas não embarcariam em um golpe de Estado e, por isso, “resolveu ir embora” do país. Magistrados apontam que ele optou pela fraude por medo de ser barrado no exterior.
“A data é sintomática”, diz ministro do STF ao Blog da Andréia Sadi no g1. Na investigação sobre a trama golpista, a PF aponta que ”alguns investigados se evadiram do país, retirando praticamente todos seus recursos aplicados em instituições financeiras, transferindo-os para os EUA, para se resguardarem de eventual persecução penal”.
Bolsonaro fez uma operação de câmbio de R$ 800 mil para um banco com sede nos Estados Unidos no dia 27 de dezembro. Para investigadores, isso mostra que todos os inquéritos estão interligados e isso inclui a tentativa de resgatar joias sauditas milionárias vendidas ilegalmente no exterior como parte do esquema.
O ex-presidente foi indiciado pela PF pelos crimes de associação criminosa e inserção de dados falsos em sistema público. Com isso, o processo foi encaminhado ao Ministério Público, que decide se apresenta uma denúncia contra Bolsonaro na Justiça ou se arquiva a apuração. Ele pode ser preso por até 15 anos se for condenado.