O presidente Lula (PT) observa sua aprovação oscilar após um ano e três meses no poder. Segundo a nova pesquisa Datafolha, divulgada nesta quinta-feira (21), 35% consideram seu trabalho ótimo ou bom, enquanto 33% o avaliam como ruim ou péssimo, e 30% como regular.
O levantamento foi realizado na terça (19) e na quarta-feira (20), entrevistando 2.002 eleitores em 147 cidades. A margem de erro é de dois pontos percentuais para mais ou para menos.
Em comparação com a pesquisa anterior, conduzida no início de dezembro para avaliar o primeiro ano de governo de Lula, as oscilações apontam um cenário negativo para o presidente. Sua aprovação teve uma queda de três pontos, o mesmo valor de aumento na reprovação, ambos dentro da margem de erro. Em ambos os levantamentos, ele registrou 30% de avaliação regular.
O clima de insatisfação já havia sido detectado em outras pesquisas e pela equipe do presidente, levando Lula a convocar uma reunião ministerial para solicitar um maior empenho na divulgação das conquistas do governo.
Uma das repercussões imediatas foi uma polêmica envolvendo o ministro da Justiça, Ricardo Lewandowski, criticado por anunciar a homologação judicial do acordo de delação premiada com o ex-policial militar Ronnie Lessa, acusado de matar a vereadora Marielle Franco (PSOL) e seu motorista em 2018, insinuando uma possível solução do caso.
Nos pouco mais de três meses desde o último levantamento do Datafolha, Lula também enfrentou desafios em diversas frentes e viu o ressurgimento do antipetismo dos movimentos de extrema-direita nas ruas com um ato em apoio ao seu antecessor, Jair Bolsonaro (PL), em São Paulo, no dia 25 de fevereiro.
A crise com Israel, após Lula comparar a guerra na Faixa de Gaza com o Holocausto, parece ter afetado diretamente o apoio entre os evangélicos, grupo amplamente associado ao bolsonarismo. A reprovação de Lula entre os evangélicos, que representam 27% do eleitorado, subiu de 38% em dezembro para 43%.
O presidente também sofreu uma série de derrotas no Congresso durante esse período, além de se ver envolvido em uma crise relacionada aos dividendos da Petrobras. No entanto, a percepção pública sobre isso está dividida: 44% acreditam que Lula teve mais vitórias do que derrotas, enquanto 42% pensam o contrário.
A análise sugere que o aumento da rejeição a Lula ocorreu principalmente entre os estratos da classe média, com aumento significativo entre aqueles que ganham de 2 a 10 salários mínimos. Isso pode refletir influências da agenda de valores, fastio com o sistema político e uma sensação de desamparo do Estado.