Sabe aquelas risadas que a gente ouve ao fundo nos seriados americanos, conhecidos como sitcoms? Na maioria das vezes, são risos reais, de platéias verdadeiras na hora da gravação. Funcionam como um termômetro para a produção avaliar se uma piada agradou ou precisa ser reescrita antes de ir ao ar. E isto é feito ao vivo, por redatores de plantão que ali mesmo escrevem uma nova piada até acertar no gosto do público. Este é um processo lento e pode levar até seis horas de gravações para um programa que, quando editado, tem apenas 30 minutos.
Há alguns anos, participei de uma gravação. O seriado se chamava According to Jim. Fomos até Studio City, sede da CBS, a uns 40 minutos de Los Angeles. O mais emocionante foi o clima que rolou na platéia lotada por umas 120 pessoas de todos os lugares dos Estados Unidos e de 12 países. Foi um show particular, infinitamente superior ao verdadeiro no set. É tradição os comediantes manterem as pessoas distraídas e animadas enquanto o seriado é gravado e regravado, cheio de paradas técnicas bem chatas. O chamado warm-up.
No dia, o show foi de Ron Pearson, um dos profissionais de entretenimento mais talentosos que já conheci. Brincou com a platéia, personalizou piadas para cada um dos presentes. Fez malabarismos parecidos com os dos meninos nos sinais de trânsito no Brasil, soprou às alturas inúmeras bolinhas, promoveu shows de talentos, fez imitações, e até comandou a entrega de brindes, sanduíches e biscoitos. Além de administrar a paciência das pessoas, ensinou a rir corretamente na hora da gravação do seriado.
O trabalho de Ron foi tão bom que a platéia até riu mesmo sem achar qualquer graça de uma gag regravada até cinco vezes. Foi um favor, uma espécie de solidariedade no riso. Esta experiência sai de graça. Só precisa falar ou entender inglês, pois evidentemente o seriado, ao vivo, não é nem dublado nem vem com legendas. Basta ser maior de 18 anos e se inscrever no site http://www.tvtickets.com. Eles têm uma lista de seriados que inclui os ótimos Two And a Half Men e Big Bang Theory. No dia, não leve celulares ou câmeras, mas traga um casaco, pois faz frio siberiano nos estúdios. Ah, sim: bom humor também é imprescindível. Até para encarar as histórias mais sem graça.