A Polícia Federal (PF) ampliou as possíveis razões por trás do assassinato de Marielle Franco. Além do já mencionado conflito de interesses em uma área controlada pela milícia, outros elementos teriam levado a família Brazão a ordenar a execução da vereadora.
Segundo a PF, a hostilidade de Chiquinho e Domingos Brazão em relação aos políticos do PSol surgiu durante o período em que ambos estavam filiados ao MDB (antes PMDB). Entre 2007 e 2018, quando o partido liderou a Prefeitura e o governo do Rio de Janeiro, enfrentou uma forte oposição do PSol. Com informações do Metrópoles.
O relatório da PF destaca que a intensa atividade política e combativa de alguns membros do PSol reflete a forte carga ideológica característica do partido. Um dos momentos de confronto mencionados foi durante a CPI das Milícias, presidida pelo então deputado estadual do PSol Marcelo Freixo, para quem Marielle trabalhou como assessora.
A investigação da CPI expôs a perigosa conexão entre o crime organizado e a política carioca, identificando políticos que lideravam grupos paramilitares. As relações da família Brazão com esses grupos se estendiam até a Comunidade de Rio das Pedras, epicentro da milícia no Rio de Janeiro, e se expandiam para outras áreas da região de Jacarepaguá, como Osvaldo Cruz.
A oposição do PSol à nomeação de Domingos Brazão para o cargo de conselheiro do Tribunal de Contas do Estado do Rio de Janeiro também irritou os irmãos. A bancada da legenda na Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro contestou a nomeação, alegando que não foram seguidos os procedimentos adequados.
Em outubro de 2017, Marielle publicou um vídeo em suas redes sociais em que Marcelo Freixo criticava a nomeação de Domingos Brazão. No dia seguinte, a PF deflagrou a Operação Cadeia Velha, prendendo políticos próximos aos Brazão, incluindo Edson Albertassi.
Os investigadores acreditam que os Brazão possam ter visado Marielle para intimidar Freixo, que era mais protegido devido a ameaças anteriores. Ronnie Lessa, um dos acusados pelo assassinato, alegou que Domingos Brazão teria especificado os “obstáculos” que Marielle representava.
A partir das declarações de Lessa, a PF concluiu que a motivação para o assassinato de Marielle derivou principalmente da hostilidade dos Brazão em relação ao PSol e da atuação da vereadora junto às comunidades dominadas por milícias.
Chiquinho Brazão, Domingos Brazão e Rivaldo Barbosa foram presos e transferidos para presídios federais. A ação foi coordenada pela PF, com apoio da Secretaria de Estado de Polícia Civil do Rio de Janeiro e da Secretaria Nacional de Políticas Penais do Ministério da Justiça e Segurança Pública.
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