Bolsonarista é demitido por usar camisa em homenagem a Ustra

Atualizado em 3 de abril de 2024 às 18:01
Carlos Alberto Brilhante Ustra, torturador durante a ditadura. Foto: reprodução

A Justiça do Trabalho de Minas Gerais validou a demissão por justa causa de um funcionário de um hospital privado que usou uma camisa com a imagem do coronel Carlos Alberto Brilhante Ustra e a frase “Ustra Vive” durante o expediente. A corte entendeu que o trabalhador praticou apologia à tortura e à figura do torturador, o que foi considerado uma falta grave pelo Tribunal Regional do Trabalho de Minas.

O parecer foi tomado de forma unânime pela 1º Turma do TRT-MG, que destacou que a conduta do funcionário caracterizou um ato de insubordinação que atentou contra a ordem democrática. Segundo a relatora do caso, desembargadora Adriana Goulart de Sena Orsini, o desejo do funcionário de usar vestimentas com apologia a um torturador não prevalece sobre o interesse público.

“A análise feita no caso concreto nos leva à inequívoca conclusão de que o ato praticado pela parte reclamante é capaz de atingir outras pessoas e prejudicá-las, notadamente porque atenta contra a sociedade e contra o Estado Democrático de Direito”, afirmou a desembargadora, cuja posição foi seguida pelos demais membros do Tribunal.

Eduardo Bolsonaro com camisa “Ustra vive”. Foto: reprodução

O funcionário havia acionado a Justiça para reverter a justa causa e inicialmente saiu vencedor na 27º Vara do Trabalho de Belo Horizonte. Ele alegou que não usou a vestimenta com interesses de propaganda política, porém o hospital recorreu da decisão, argumentando que o funcionário foi alertado sobre a proibição de fazer propaganda política, religiosa ou usar uniformes de futebol no ambiente de trabalho ao assinar o contrato.

Ustra foi o primeiro militar reconhecido pela Justiça brasileira como torturador na ditadura. Ele comandou o DOI-Codi de São Paulo entre 1970 e 1974.

A imagem do torturador passou a ser ainda mais cultuada durante o processo de impeachment no Congresso contra Dilma Rousseff (PT), vítima dos crimes do militar durante a ditadura iniciada em 1964.

O estopim para a “idolatria” de Ustra foi o voto favorável de Jair Bolsonaro (PL) à saída da petista do poder em 2016, um ano após sua morte: “Pela memória de Carlos Alberto Brilhante Ustra”, bradou o então deputado federal.

Siga nossa nova conta no X, clique neste link
Participe de nosso canal no WhatsApp, clique neste link
Entre em nosso canal no Telegram, clique neste link