O bilionário Elon Musk, dono da rede social X (ex-Twitter), foi incluído como investigado no inquérito das milícias digitais no Supremo Tribunal Federal (STF) após ordem do ministro Alexandre de Moraes. A decisão do magistrado ocorreu após uma série de ataques do empresário na plataforma ao longo do fim de semana.
Musk chegou a dizer que estava sofrendo “restrições” na rede social por decisões judiciais, acusou o ministro de promover “censura no Brasil” e pediu a renúncia ou o impeachment do magistrado. Os comentários ganharam apoio de bolsonaristas na rede social.
Em um dos posts, Musk afirmou que iria descumprir ordens judiciais no Brasil, alegando que “princípios importam mais que o lucro” e sinalizou que fecharia o escritório da empresa no Brasil. O bilionário também afirmou que as decisões do ministro “violam a legislação brasileira”.
A inclusão do dono da plataforma no inquérito ocorreu em decisão neste domingo (7). Moraes afirma que a decisão se justifica pela “dolosa instrumentalização criminosa” da rede social e a campanha promovida por Musk “instigando a desobediência e obstrução à Justiça”.
As postagens do empresário surgiram após o ativista americano Michal Shellenberger publicar o “Twitter Files Brasil”, uma coleção de e-mails que seriam de funcionários do Twitter criticando demandas da Justiça brasileira, como do Tribunal Superior Eleitoral (TSE).
O episódio motivou manifestações de bolsonaristas nas redes. O próprio ex-presidente Jair Bolsonaro fez uma live dizendo que o bilionário se tornaria um símbolo da luta pela liberdade de expressão e seu filho, o deputado Eduardo Bolsonaro (PL-SP), afirmou que tentaria promover uma audiência na Comissão de Relações Exteriores da Câmara para discutir o “Twitter Files Brasil e censura”.
Parlamentares de esquerda, no entanto, criticaram a postura do empresário e intensificaram a campanha pela regulamentação das redes sociais. O deputado federal Orlando Silva (PCdoB-SP), relator do PL das Fake News, afirmou que vai sugerir a inclusão do projeto na pauta da Câmara.
A votação do projeto foi retirada da pauta da Casa Legislativa em maio de 2023 após pressão das empresas que controlam as redes sociais e a oposição de bolsonaristas.